O conceito de maturidade implica no progresso ao estado de maturidade.
Cada indivíduo tem um relógio biológico que regula seu progresso ao estado
de maturidade. O conceito de maturidade se relaciona ao momento biológico no calendário
do tempo. O crescimento biológico e maturidade da criança, não necessariamente
prosseguem em comum acordo com o calendário do tempo ou sua idade cronológica.
Por isso, dentro de um grupo de criança do mesmo sexo e mesma idade cronológica,
haverá variação na idade biológica, ou no nível de maturidade biológica. Isso
geralmente acontece durante os estágios iniciais da adolescência ou durante o
estirão do crescimento, mas é aparente também durante a infância. Dentro de um
grupo de criança, algumas crianças se encontram biologicamente mais "avançadas"
(desenvolvimento precoce) e outras mais "atrasadas" (desenvolvimento tardio),
em relação à sua idade cronológica. Em outras palavras, embora duas crianças estejam
na mesma faixa de idade cronológica, não necessariamente estarão no mesmo nível
da maturidade biológica, variam no seu estado de maturidade nessa idade. As
medidas da maturidade variam de acordo com o sistema biológico utilizado, os indicadores
de maturidade mais usados no estudo do crescimento são: · maturidade óssea
· maturidade sexual · maturidade somática. Medidas
de maturidade óssea A maturidade óssea, talvez, seja o melhor método para
medida da idade biológica ou estado de maturidade. O esqueleto é um indicador
ideal de maturidade porque seu desenvolvimento abrange o período inteiro do crescimento.
Em outras palavras, em ambos os pontos, iniciais e finais, do processo de maturidade
são conhecidos, porque a estrutura do esqueleto de todos os indivíduos progridem
da cartilagem até o osso. O progresso da maturidade do esqueleto pode ser monitorado
com segurança e o uso prudente do raio X. Os ossos da mão e do punho são os melhores
indicadores de maturidade óssea. Existem dois métodos freqüentemente usados para
medir maturidade do esqueleto dos ossos da mão e punho, são os métodos de Greul-ich-Pyle
e de Tanner-Whithouse. Todos os métodos para estimar a maturidade óssea representam
a idade óssea. A idade óssea (IO) é expressada em relação a idade cronológica
(IC) da criança e por isso pode simplesmente ser comparada. Medidas
da maturidade sexual A medida da maturidade sexual é baseada no desenvolvimento
dos caracteres sexuais secundários i.e., desenvolvimento da mama e menarca (1ª
menstruação) na menina, desenvolvimento do pênis e genitais no menino e pêlo pubiano
em ambos os sexos. O uso dos caracteres sexuais secundários como indicadores do
estado de maturidade e seu progresso, obviamente está limitado apenas às fases
durante a puberdade ou da adolescência e maturidade. Estes indicadores têm limitada
aplicabilidade em relação as da idade óssea, porque não pode ser monitorado desde
a infância até o adulto jovem, mas somente durante a adolescência. Medidas
da maturidade somática O uso das medidas corporais como indicadores de maturidade
requerem medidas longitudinais. O estirão do crescimento (pique máximo da velocidade
de crescimento) é o indicador mais freqüentemente utilizado pela maturidade somática
em estudos longitudinais durante a adolescência. Também podem servir como indicadores
nessa fase da velocidade máxima de crescimento, o crescimento do comprimento das
pernas (membros inferiores), da altura sentado (comprimento do tronco), largura
biacromial (ombro) e bicristal (quadril) e, força muscular. Tais dados só são
viáveis com estudos longitudinais durante o crescimento. Progresso ou
ritmo do crescimento O ritmo do crescimento ou velocidade do crescimento
(cm/ano ou kg/ano) é representado pela curva de velocidade e, para isso são necessários
dados longitudinais. O ritmo no crescimento da estatura (altura) e peso (massa)
diferem durante a infância. A velocidade de crescimento estatural desacelera com
a idade até imediatamente antes do início do estirão do crescimento. O crescimento
do peso por outro lado, acontece de forma mais lenta, mas constante, exceto na
fase final pré puberal. Durante o estirão da adolescência, o ritmo do crescimento
estatural e peso aumentam ou aceleram. O estirão ocorre mais cedo no sexo feminino,
em média 2 anos antes do menino. A menina pára de crescer por volta dos 16 anos
de idade, enquanto que os meninos continuam a crescer por mais dois ou mais anos.
A explicação para a diferença na estatura final dos meninos em relação às meninas
é porque a duração da adolescência é mais longa, mais 2 anos em média e, porque
o inicio da adolescência acontece mais tarde (entre 12 e 16 anos de idade), em
relação às meninas (entre 9 e 14 anos de idade). O crescimento rápido das
extremidades inferiores (coxas e pernas) é característico da fase inicial do estirão
do crescimento, já o crescimento da altura sentado (comprimento do tronco) ocorre
mais tarde durante a adolescência. Por esse motivo as meninas têm pernas ligeiramente
mais longas do que os meninos no período inicial da puberdade. Já no que diz respeito
a altura sentada (comprimento do tronco) persiste por um período maior durante
a adolescência. Isso foi bem comprovado por nós, através das avaliações médicas,
durante a I CLÍNICA NOVOS TALENTOS (PROGRAMA BRASIL DE NATAÇÃO) realizada
em Brasília em 1997. (ver texto e quadro "I Clínica Novos Talentos").
No estirão, durante a adolescência, o aumento na largura do ombro nos meninos
é muito maior no que das meninas (em torno de 2.3 cm) já o aumento na largura
do quadril nas meninas é maior (em torno de 1.2 cm). Os meninos, porém, ganham
em torno de 2 vezes mais na largura do ombro do que na largura do quadril durante
o estirão, já nas meninas o ganho nas duas dimensões é praticamente igual, por
isso a diferença na quantidade de ganho é pequena. Por esse motivo é que os meninos
têm ombros especialmente mais largos do que a das meninas , mas ambos os sexos
apresentam largura do quadril similares. Para mostrar, quão vital é o monitoramento
médico e técnico apropriado (Programa Brasil de natação) com vistas a obter resultados
concretos à médio e longo prazo (principalmente na faxia etária dos 8 aos 14 anos
para o sexo feminino e dos 9 aos 16 anos para o sexo masculino) e, através do
confronto dos dados técnicos e biológico, mostrar o grau de participação do desenvolvimento
técnico e desenvolvimento biológico na melhora da perfomance do atleta, coloquei
4 figuras que reafirmam o descrito no texto. Se não foi de forma categórica, servirá
para que a Comunidade Aquático reflita, através de ampla discussão sobre o assunto.
Clínica Novos Talentos, realizada em Brasília, em Maio de 1997, participaram
198 atletas nascidos em 1984, sendo 94 (49.0%) do sexo feminino e 98 (51.0%) do
sexo masculino. De forma sintética gostaria de tecer alguns comentários das
avaliações Médicas: Quadro
I: distribuição dos atletas do sexo feminino divididos em 2 grupos, o primeiro,
pelo desenvolvimento biológico (caracteres sexuais secundários), em atletas que
não tinham ainda menstruado (26), e atletas que menstruaram, aos 12 (31), aos
11 (32) e, aos 10 (5) anos de idade. O outro grupo dividido pelo desenvolvimento
cronológico (idade cronológica), dos 12 anos e 5 meses aos 12 a. e 10 m. e, dos
12 a. e 11 m. aos 13 a. e 4 m. O dado que chama atenção neste quadro é o pequeno
número de participantes das atletas (critério de seleção, os primeiros 25 atletas
do ranking nacional) com desenvolvimento biológico precoce (puberdade precoce),
apenas 5.32%. Nota: o trabalho completo da "Clínica Novos Talentos", brevemente
será tema da revista 'Parque Aquático". Quadro
II: A estatura e o percentual do comprimento do tronco correlacionou mais com
a idade biológica do que com a idade cronológica. As atletas com puberdade
precoce, àquelas que menstruaram aos dez anos de idade, mostraram maior comprimento
do tronco relativo aos membros inferiores (membros inferiores curtos). Quadro
III: Atletas do sexo masculino, divididos em 2 grupos. O primeiro, pelo grau de
maturidade (caracteres sexuais secundários) em estágios, 1 e 2 (12), 3 (51) e
4 (55) do desenvolvimento puberal, o outro grupo, pela idade cronológica, dos
12 anos e 5 meses aos 12 a. e 8 m. (16), dos 12 a. e 9 m. aos 13 a. (30) e, dos
13 a. e 1 m. aos 13 a. e 4 m. (52). O maior número de participantes ocorreu, nos
atletas mais velhos (53%), pela idade cronológica e, nos do estágio puberal G3
(52%) pela idade biológica . Quadro
IV: Este quadro mostra que altura do atleta se correlaciona com o desenvolvimento
puberal, o que já não acontece quando visto pela idade cronológica. O comprimento
do tronco mostra um dado interessante, o estirão do crescimento acontece realmente
no estágio 3 do desenvolvimento puberal (maior crescimento dos membros relativos
ao tronco). Em suma, as faixas etária que compreendem a fase final pré puberal
e inicial da adolescência, ocorrem as maiores e mais importantes transformações
biológicas corporais. Erros de avaliação (subestimando ou superestimando) podem
ser cometidas seja, por falta ou análise dos dados. A Direção Médica da CBDA,
preocupada e, querendo ter uma participação mais efetiva no processo do desenvolvimento
do atleta "novo talento" (Programa Brasil de natação), desenvolveu um Programa
de avaliação Médica. O objetivo desse Programa é dar o maior número possível de
informações aos técnicos e aos atletas em formação.
Colaborador
da Web Swimming: Dr. MARCUS F. BERNHOEFT (Diretor do Depta. Médico
da CBDA) Email: bernhoef@antares.com.br |