Rolamento
de Corpo e Trajetória da Mão em Estilo Livre de Natação:
Um Estudo Experimental
Journal of Applied Biomechanics, 1993,9,
238-253 Tradução: Flávio
Antônio de Souza Castro Qi Liu, James G. Hay, e James G. Andrews O
propósito deste estudo foi determinar a influência de (a) rolamento
de corpo e (b) o movimento do braço relativo ao tronco, no componente medial-lateral
da trajetória seguida pela mão durante a fase de tração
em natação em estilo livre. Dez nadadores perfizeram três
tiros em nado livre em uma intensidade de uma prova de longa distância.
Imagens videográficas em três-dimensões (3D) foram para registrar
os ângulos pelo tempo do rolamento do corpo e trajetória seguida
pela mão durante a fase de tração. Um modelo matemático
foi usado para caracterizar os movimentos do membro superior direito do nadador
com dados em 3D das imagens de video-tape, e para determinar o que a trajetória
da mão apresentaria como resultado do rolamento do corpo apenas. A contribuição
do rolamento de corpo para a vigente trajetória da mão pareceu ser
aproximadamente igual à contribuição dos movimentos mediais-laterais
da mão relativos ao tronco.A trajetória seguida pela mão
de uma nadador de crawl durante a fase de tração poderia ser atribuída
ao movimento do braço do braço relativo ao tronco, ao rolamento
do tronco no eixo longitudinal ou à combinação destes dois.
Embora essas possibilidades tenham sido exploradas em um estudo de simulação
por computador (HAY, LIU & ANDREWS, 1993), parece não Ter havido tentativa
para quantificar a influência do rolamento de corpo e movimento da mão
relativo ao tronco na trajetória da mão no atual nado livre. O propósito
deste estudo foi determinar a influência do rolamento do corpo, e a influência
do movimento do braço relativo ao tronco, no componente medial-lateral
da trajetória seguida pela mão durante a fase de tração
no nado crawl. Métodos Amostra Dez nadadores da equipe universitária
de natação foram os sujeitos. Diâmetro de ombros, comprimento
do braço direito, comprimento do antebraço direito e comprimento
da mão foram mensurados em cada indivíduo, com este em pé.
Diâmetro de ombros foi definido como distância entre os processos
acromiais das escápulas esquerda e direita; o comprimento de braço
como a distância entre o processo do acrômio da escápula e
o ponto médio do processo do olécrano ulnar; comprimento do antebraço
como a distância entre o ponto médio do processo do olécrano
ulnar e o processo estilóide ulnar; e comprimento da mão como a
distância entre o processo estilóide e o dedo médio da mão
mensurado paralelamente com o eixo longitudinal do antebraço e da mão.
Distâncias foram mensuradas com uma fita métrica. Estes dados descritivos
são mostrados na Tabela 1. Coleta de dados Dois sistemas
de meio-periscópio (HAY & GEROT, 1991) foram usados para registrar
cada performance. Sistema 1, o qual é utilizado para registrar cada performance
com vista lateral e do fundo (Figura 1), consistia de uma câmera de vídeo
(Panasonic AG450), um espelho de tamanho médio na lateral da piscina, um
espelho maior no fundo da piscina, e um defletor de ondas na superfície.
Sistema 2, que registrava cada performance em uma vista frontal (Figura 2), possuía
componentes similares ao Sistema 1, exceto um pequeno espelho, fixado na ponta
do defletor de ondas, em vez do espelho maior. Os dados foram coletados com ambas
as câmeras operando com uma freqüência sampleada de 60Hz e uma
velocidade de abertura de 1/250s. Um sistema de sincronização, consistindo
de dois grupos de três lâmpadas emitindo diodos (LEDs) e um circuito
de controle, foi utilizado para a sincronia dos dados das duas câmeras.
Cada grupo de LEDs foi fixado no campo visual de cada câmera de vídeo.
Antes de cada tiro começar, um fio de prumo com um peso de 22N (5lb)
foi fixado aproximadamente no centro de cada campo ótico de cada câmera
e sua posição registrada em visão lateral e frontal. Esta
linha foi utilizada como uma referência vertical nas análises subseqüentes.
Uma peça em madeira de 200 x 5 x 5 cm foi então posicionada sob
a água, com seu eixo longitudinal e perpendicular ao fim da piscina, e
diretamente sobre a linha média do espelho maior no fundo. A posição
desta peça de madeira foi registrada em uma vista do fundo. Mais tarde,
quando as imagens feitas do fundo foram analisadas, os 200cm de comprimento da
peça de madeira foram utilizados como uma referência horizontal anterior.
Finalmente. Um objeto de controle com dimensões já conhecidas (Figura
3) foi colocado abaixo da superfície da água e sua posição
foi gravada de frente, lado e do fundo para calibragem dos ângulos de projeção.
As diferenças médias entre os conhecidos ângulos de projeção
do objeto de controle e os ângulos de projeção mensurados
das imagens de videotape foram de 2º para a visão lateral e de frente
e de 3º para a vista do fundo. Então, quando as imagens foram analisadas,
a correspondente diferença média foi somada em todos os ângulos
de projeção mensurados nas vistas laterais, frontais e do fundo.
Antes de cada nadador entrar na água, uma haste de madeira, como uma
barbatana, montada em uma base curvada de alumínio, foi fixada às
costas do nadador. A posição da barbatana foi registrada em uma
vista frontal para a determinação dos ângulos de rolamento
do corpo durante o nado. Cada nadador nadou três tiros sem parar. Em
cada tiro, o nadador nadou 15m em uma intensidade de prova de longa distância.
Ao indivíduo foi requisitado para nadar diretamente em direção
à câmera frontal e diretamente sobre à linha média
da visão do fundo e perfazer uma completa braçada (fase de tração)
com o braço direito enquanto passava sobre o espelho fixado no fundo da
piscina. (Nota: para todos os indivíduos o lado direito foi o preferido
lado de respiração.) Análises das Imagens de Vídeo
As imagens foram analisadas com a ajuda do "Peak 2D Motion Mesurement
System (Peak Performance Technologies, Inc., Denver, CO)." Um quadro referencial
Cartesiano do mão direita B;Qxyz foi estabelecido com o propósito
de determinar ângulo de rolamento do corpo, as locações das
articulações e os ângulos de projeção do segmento
do braço (Figura 4). A origem Q de B foi fixada ao corpo no ponto médio
da reta que une os dois ombros. O eixo x foi horizontal e direcionado perpendicularmente
para a lateral da piscina, o eixo y foi horizontal e direcionado no sentido do
deslocamento do nado, e o eixo z foi direcionado no sentido vertical. O ângulo
de rolamento do corpo foi definido como a projeção do ângulo
q do eixo do ombro SQ ao eixo horizontal x (Figura 4)- um ângulo igual ao
ângulo projetado definido pela barbatana e pela posição vertical
definida pelo fio de prumo- registrado em uma vista frontal. Dois pontos foram
digitalizados na linha média da borda da barbatana. O programa Peak 2D
foi então utilizado para calcular o ângulo entre a barbatana e o
eixo vertical. As locações estimadas do ombro direito S, cotovelo
E, punho W e dedo médio F, foram digitalizadas em cada uma das três
vistas (frontal, lateral e do fundo). O programa Peak 2D foi então utilizado
para calcular os ângulos de projeção da vista frontal entre
o eixo vertical e a projeção de SQ, a projeção de
ES, a projeção de WE, e a projeção de FW. O mesmo
procedimento foi também usado com as vistas laterais e do fundo. Funções
cúbicas spline (para filtragem de dados) foram aplicadas aos dados dos
ângulos de projeção obtidos com cada câmera, e os dados,
já filtrados, foram sincronizados pelo uso de um procedimento de interpolação
linear. Através do uso da conhecida distância entre S e Q (meio
diâmetro de ombro = 0,5 Ds) e os ângulos projetados para o segmento
de reto SQ na referência de quadro B, as coordenadas de B localizam o ombro
direito S relativo a Q (rS/Q) foram encontrados com um método de reconstrução
de projeção de ângulo (veja apêndice). Com um procedimento
similar, as coordenadas de B localizaram o cotovelo direito relativo a S (rE/S),
o punho direito W relativo a E (r W/E), e o dedo médio direito F relativo
a W (rF/W) foram determinadas. A localização de F relativa a Q foi
então encontrada com a equação r F/Q = r F/W + r W/E
+ r E/S + r S/Q. Modelo matemático O modelo matemático
3D descrito por HAY, LIU e ANDREWS (1993), com os quatro sistemas de coordenadas
associadas, foi utilizado para determinar a trajetória da mão que
teria sido registrada por cada indivíduo se não tivesse havido movimento
medial-lateral da mão relativo ao tronco durante a fase de tração.
O quadro de referência do tronco fixado em T:QxTyTzT foi utilizado para
para descrever o movimento medial-lateral do dedo médio da mão direita
do nadador relativo ao tronco durante a fase de tração da braçada.
Com a finalidade de abreviar o que segue, o termo trajetória da mão
será utilizada para descrever o ponto, no quadro de base de referência
de interpretação B:Qxyz, do dedo médio F da mão direita
do nadador durante a fase de tração da braçada. De uma maneira
similar, a expressão movimento relativo da mão será usado
para descrever o movimento medial-lateral do dedo médio da mão direita
do nadador na rotação do tronco fixado como referência o quadro
T:QxTyTzT , durante a fase de tração da braçada. Essas três
suposições simplificadas estão implícitas no uso deste
modelo: O eixo de extensão-flexão xT do ombro direito permanece
no plano de translação vertical x,z, plano do quadro de referência
de base, B. O ombro direito S, cotovelo E, punho W, e dedo médio
F permanecem no plano de rotação xA,yA do braço fixado ao
quadro de referência, ª O eixo longitudinal do antebraço
direito (EW) e a mão direita (WF) permanecem colineares (por exemplo, não
há movimento de punho direito). O histórico da trajetória
da mão no plano de referência de translação B foi encontrado
com a expressão RF/Q = xFi + yFj +zFK onde XF = (0,5D-a)cosq
- b senf senq, yF = bcosf, zF = - (0,5Ds-a)senq - bsenf cosq, q é o ângulo
de rolamento de corpo, f é o ângulo de extensão do ombro,
Ds é a constante diâmetro de ombros do nadador (mensurado antes da
performance), a é a magnitude do negativo xA coordenada de F, e b é
a magnitude de yA coordenada de F (figura 5). (nota: a é uma constante
quando não há nenhum movimento relativo de mão.) O ângulo
de extensão do ombro f foi determinado a partir das coordenadas B de S
e E com a expressão tanf = -(xE-xS)sen q -(zE-zS)cosq yE - yS
onde rE/Q = xEi + yFj + zEK e rS/Q = xSi + ySj + zSK . A constante a foi tirada
como o XA coordenada de F no começo da fase de tração. O
comprimento variável b é dado pela expressão b2 = R2
a2 , onde R, comprimento da reta entre S e F, foi encontrado com a expressão
R2 = (XS XF)2 + (YS YF)2 + (ZS ZF)2 Deste
modo o movimento simplificado do modelo (por exemplo, nenhum movimento relativo
da mão) forçou o dedo médio direito F a permanecer no plano
XA,YA à uma distância fixa (a = constante) do plano de rotação
XA,YA, e na distância variante R de S. Análise dos dados Rolamento
de corpo versus tempo. Para o propósito de comparação entre
os nadadores, tempo foi representado como um percentual da duração
da fase de tração (tempo normalizado). Cubic spline functions foram
fitted ao ângulo de rolamento de corpo versus os dados do tempo de maneira
que ângulo de rolamento de corpo a selecionado percentual de tempo para
a fase de tração da braçada pudesse ser determinado. A média
e o desvio padrão do ângulo de rolamento de corpo em relação
a esses percentuais de tempo selecionados foram computados para os trinta tiros
analisados. Ângulo máximo de rolamento de corpo. Os ângulos
máximos de rolamento de corpo para cada indivíduo foram identificados,
e a média e o desvio padrão para o máximo ângulo de
rolamento de toda a amostra foram calculados. Influência de rolamento
de corpo na atual trajetória da mão. Um método foi desenvolvido
para determinar a influência média do rolamento de corpo na atual
trajetória durante a fase de tração. Este método baseou-se
sobre uma representação dos movimentos medial-lateral do dedo médio
da mão direita no quadro de base de referência de interpretação
B, como visto acima (Figura 6). Caso um nadador executasse a fase de tração
sem nenhum rolamento de corpo ou movimento relativo da mão, sua mão
seguiria uma trajetória em linha reta, do ponto de entrada ao ponto de
saída, mostrada pela Curva C, Figura 6. Se ele executasse com algum rolamento
de corpo mas sem movimento relativo da mão, a trajetória da mão
teria a forma geral da Curva B, Figura 6. E se ele executasse tanto com rolamento
e corpo, quanto com movimento relativo da mão, como é, geralmente
o caso em prática, a trajetória da mão teria a forma geral
da curva A, Figura 6. A contribuição do movimento relativo
medial-lateral da mão na atual trajetória gravada (curva A) foi
determinada de acordo com os argumentos que seguem. Se o indivíduo tivesse
executado a fase de tração como uma simples extensão de ombro
sem qualquer ou movimento relativo da mão, seu dedo médio estaria
no ponto N da Curva C em determinado momento. Alternativamente, se ele tivesse
rolado seu corpo como ele realmente fez nessas performances, mas sem um movimento
relativo da mão, seu dedo estaria no ponto R na Curva B naquele momento.
Entretanto, porque o dedo estava realmente no ponto P da Curva A naquele momento,
o nadador deve Ter movimentado seu dedo lateralmente relativo a seu tronco que
estava rolando quando ele rolou seu corpo. Ainda mais, para a soma dos movimentos
mediais-laterais da mão ao rolamento de corpo e ao movimento relativo da
mão para igualar a realmente observada localização da mão,
a distância lateral percorrida pelo dedo relativa ao tronco até aquele
momento deve Ter sido igual a distância entre os pontos R e P. Esta distância
foi, entretanto, somada a coordenada x do ponto N para produzir a coordenada x
do ponto M. A sistemática repetição dos cálculos
correspondentes através do intervalo de tempo entre entrada e saída
da mão somada na Curva D, a qual representa a trajetória do dedo
teria seguido de acordo com os movimentos relativos da mão apenas
que é, a ausência de rolamento de corpo. A localização
medial-lateral de qualquer ponto da curva A (e. g. ponto P) relativa a Curva C
é devido à soma algébrica do desvio medial-lateral do ponto
correspondente na Curva B (ponto R) a partir da Curva C, e correspondente desvio
medial-lateral no ponto na Curva D (ponto M) a partir da Curva C. E relação
entre essas quantificações podem ser expressas como NP =
NR + RP = NR + NM A influência de rolamento de corpo na trajetória
da mão foi determinada pela mensuração da área fechada
(A1) entre a Curva B e a Curva C, e a influência do movimento relativo do
membro superior na trajetória da mão foi determinada pela mensuração
da área fechada (A2) entre a Curva D e a Curva C (Figura 7). A contribuição
percentual P de rolamento de corpo aos desvios mediais-laterais da real trajetória
seguida pelo dedo foi então computada com a seguinte expressão:
P = A1 .100% A1 + A2 As áreas A1 e A2 foram determinadas
com o uso de uma calculadora gráfica eletrônica (Numonics Corp.,
Lansdale, Pa). Resultados e Discussão Rolamento de Corpo O
máximo rolamento de corpo ficou entre 51,5º e 66,0º , com média
de 60,8º (Tabela 2). Este valor médio para máximo rolamento
de corpo para o lado da não respiração excedeu estimativas
prévias, recomendações e valores mensurados. Counsilman
(1977) observou que "o corpo rola 35 a 45 graus de cada lado enquanto o nadador
executa um ciclo completo de braços. O nadador rola mais do lado da respiração
do que do lado que não respira" (p. 161). Colwin (1991) concordou
em parte: " A soma total de rolamento varia de 70 graus a 90 graus ou 35
a 45 graus de cada lado do eixo longitudinal" (p. 33). Maglischo (1982)
estabeleceu, "Apesar de ser possível rolar em demasia, a maioria dos
nadadores rola pouca. Nadadores de crawl deveriam rolar pelo menos 45º para
cada lado (a partir de uma posição pronada). A maioria dos nadadores
rola mais de 45º no seu lado de respiração" (p. 94). Maglischo
então dirige a atenção do leitor a uma seqüência
de fotos na quais "o apropriado rolamento do corpo é mostrado".
Esta seqüência de fotos mostra o ângulo máximo de rolamento
do corpo que em um exemplo parece ser de aproximadamente 80º e em outro (Figura
2.9 H Maglischo), tirado de um difícil ângulo oblíquo, aparenta
ser de 70-80º. Em ambos os casos, esses ângulos máximos parecem
ser do lado da respiração do nadador. Nenhuma das fontes já
citadas fornecem dados quantitativos que forneçam a base das observações
ou recomendações feitas. Os únicos dados quantitativos
conhecidos foram registrados por Beekman (1986) e Levinson (1987). Beekman encontrou
valores médios para o máximo ângulo de rolamento do corpo
de 47,8º e 59,7º para os lados de não-respiração
e respiração respectivamente. Esses valores apoiam as observações
de Counsilman e Maglischo que o corpo rola mais para o lado de respiração
do que de não respiração. O valor de 47.8º para o lado
de não respiração é entretanto, consideravelmente
menor em relação à média de 60.8º encontrada
no presente estudo. Levinson (1987) registrou valores em um Campeão Olímpico
de nado livre (velocidade) de 45º (um lado) e >50º (outro lado, presumivelmente
o lado da respiração). O primeiro destes é similar à
média de valores registrados por Beekman para o lado da não-respiração
e, novamente, é consideravelmente menor do que o correspondente valor do
presente estudo. A diferença entre o valor médio registrado
por Beekman e o que foi obtido neste presente estudo é presumivelmente
explicado pelas diferenças nos métodos utilizados para se obter
as medidas do rolamento do corpo. O método utilizado gravando frontalmente
as oscilações de uma barbatana fixada nas costas dos indivíduos
foi o mesmo em ambos os estudos. Houve, entretanto, algumas importantes
diferenças entre os dois estudos em relação aos indivíduos
e às velocidades que os nadadores percorreram as distâncias. Os indivíduos
do estudo de Beekman incluíram duas nadadoras de High School, quatro nadadores
universitários, quatro nadadoras universitárias e uma nadadora já
graduada que competia durante a graduação; a eles foi solicitado
que nadassem uma série de 6 repetições de 25 jardas (22,9m)
a uma velocidade que eles fariam na mesma série em treino. Os indivíduos
do presente estudo foram 10 nadadores universitários, a eles foi solicitado
que nadassem uma série de 3 repetições de 15m a uma intensidade
igual a uma prova de longa distância. Mais, os indivíduos de um estudo,
eram, em sua maioria, mulheres, no outro estudo, exclusivamente, homens; os primeiros
nadaram a uma velocidade alta, os outros nadaram a uma velocidade de longa distância.
Apesar de não estar claro que como estas diferenças possam causar
uma diferença no valor médio do ângulo de rolamento do corpo
encontrado, parecer ser claro que são responsáveis, de alguma maneira,
por esta diferença. Médias e desvios padrões do ângulo
de rolamento do corpo são mostrados como uma função da duração
da fase de braços na fig. 8. Os relativamente pequenos desvios padrões
(3.9 6,4 º) registrados para os primeiros 80% da fase do braço
são indicativos de um alto grau de consistência entre os sujeitos
na execução desta parte do rolamento do corpo. Valores maiores (6.7
8.9º) registrados para os finais 20% da fase do braço são
indicativos de um aumento na variabilidade da velocidade angular da ação
de rolamento. Conquanto não haja nada nos dados deste presente estudo para
apoiar ou rejeitar esta idéia, este aumento na variabilidade poderia estar
conceitualmente associada com a aceleração da mão durante
a fase final da braçada, uma aceleração que foi demonstrada
como característica da execução do estilo livre (Consignam,
1981). Então, pode ser que os indivíduos mais habilidosos desenvolveram
uma maior velocidade da mão, e uma associada maior velocidade angular do
rolamento do corpo, durante a parte final da fase de braços do que fizeram
os indivíduos menos habilidosos. Se o ângulo máximo de
rolamento fosse atingido na metade da fase de tração, e se a curva
representativa dos valores médios como uma função da duração
da fase de tração fosse simétrica, a velocidade angular do
movimento de rolamento em uma direção (como função
do tempo) teria sido a mesma em relação à direção
reversa. Este, entretanto, não foi o caso. Em vez, o ângulo máximo
de rolamento de corpo foi atingido mais cedo, em 45% da duração
da fase propulsiva (Figura 8). Isto implica que, em média, a velocidade
angular do movimento de rolamento foi um pouco maior durante a primeira parte
da tração do que foi na Segunda (ou retorno) parte. Trajetória
da mão A trajetória seguida pelo dedo da mão direita
está demonstrado em uma vista superior para cada um dos 10 nadadores na
Figura 9. Pontos críticos nesta trajetória são apresentados
na Tabela 3. Esses dados mostram que em 8 de 10 casos o dedo da mão direita
foi trazido para ou cruzando a linha média (x = 0) do corpo do nadador,
e aqueles dois casos remanescentes foi trazido muito próximo à linha
média (x =2cm e x =5cm). Esses mesmos dados, juntos com os dados do diâmetro
de ombro dos indivíduos (Tabela 1), mostrou que em dois casos (Indivíduos
7 e 9) o dedo direito foi levado além, realmente bem além, no lado
esquerdo do corpo do nadador. No caso do indivíduo 7, o dedo da mão
estendeu-se 25,8 cm [49 (46,4/2)] além no lado esquerdo do corpo,
e no caso do Sujeito 9, estendeu-se 24,35 cm [49 (49,3/2)] além
no lado esquerdo do corpo. O ponto no qual o máximo desvio medial
do dedo direito foi registrado foi adiante da linha dos ombros dos indivíduos
(y = 0) em 6 casos, nível com esta linha em um caso e atrás desta
linha nos outros 3 casos. O valor médio para os 10 casos foi de 10 cm a
frente da linha dos ombros. Este valor distorcido pela presença de dois
valores extremos: os 60 e 65 cm registrados na entrada para os sujeitos 2 e 9,
respectivamente. Com estes dois sujeitos excluídos, o valor médio
reduziu-se para um mais representativo 4 cm. Rolamento de Corpo,
Movimento Relativo e Trajetória da Mão Uma comparação
das contribuições do rolamento do corpo e movimento relativo da
mão para trajetória da mão no plano x,y de B:Qxyz (vista
de cima) é apresentada na Tabela 4. A contribuição do rolamento
do corpo na real trajetória da mão como visto neste plano alcançou
de 41,1% a 73,6% com valor médio de 52,1%. Este valor médio indicou
que, em média, rolamento de corpo e movimento relativo do braço
no ombro, cotovelo ou ambos contribuíram igualmente para determinar a trajetória
seguida pela mão. Inspeção visual das Curvas A e D para
cada indivíduo (veja Figura 6) revelou que, para a maioria dos sujeitos,
Curva D (a curva mostrando o movimento medial-lateral do dedo em relação
ao movimento relativo da mão) foi para a direita da Curva C (a reta unindo
os pontos de entrada e saída) através da fase de tração,
e que a Curva D moveu-se primeiro para longe da, e então de volta, linha
média do corpo, representadas pelo eixo y do gráfico. Isto significou
que o movimento relativo foi exatamente o reverso do que é normalmente
suposto. Em vez de os nadadores moverem o braço primeiro em direção,
e depois longe, da linha média do corpo a medida que a braçada progredia,
a maioria dos sujeitos moveu para longe da, e depois em direção,
à linha média. Poucos sujeitos procederam esta seqüência
de movimentos relativos em um curto e de pequeno alcance de movimento da mão
em direção à linha média imediatamente após
a entrada. Conclusão Os achados deste estudo indicam que os movimentos
mediais-laterais da mão observados em homens, nadadores universitários
de crawl, nadando em uma intensidade de prova de longa distância não
se devem, exclusivamente, aos movimentos da mão relativos ao tronco, como
poderia ser esperado. Em vez disso, eles são causados igualmente pela ação
de rolamento do tronco do nadador sobre seu eixo longitudinal e aos movimentos
mediais-laterais da mão relativos ao tronco. Ainda mais, esses movimentos
relativos não ocorrem em uma seqüência medial e então
lateral, mas lateral e então medial seqüência. Em outras palavras,
o nadador executa uma varredura com a mão a partir do tronco em rotação
na primeira parte da braçada e em direção ao tronco em rotação
na Segunda parte da braçada. Estes achados contradizem o que aparenta ser
amplamente defendido e acreditado em relação ao movimento relativo
da mão em estilo livre em natação. Eles são, deste
modo, merecedores de grande atenção por professores, treinadores
e cientistas preocupados com as técnicas empregadas em natação.
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