Relação
entre Velocidade em Natação e Concentração Láctica
Durante Exercícios de Treinamento Contínuos e Intermitentes J.
Olbrecht, O Madsen, A Mader, H. Liesen, and W. Hollmann Instituto de Investigação
da Circulação e Medicina do Esporte da Escola Superior de Esportes
Alemã de Colônia, R. F. Alemã Tradução:
Flávio de Souza
Castro J. Olbrecht, O Madsen, A Mader, H. Liesen, and W. Hollmann
Instituto de Investigação da Circulação e Medicina
do Esporte da Escola Superior de Esportes Alemã de Colônia, R. F.
Alemã (tradução: Flávio de Souza Castro)Resumo
O presente estudo examinou a relação entre a concentração
de ácido láctico no sangue capilar e velocidade de natação
durante 11 típicos exercícios de resistência (natação
contínua por 30 e 60min, natação intervalada em distâncias
entre 50 e 400m e com intervalos de descanso de 10 e 30s) e durante o teste de
duas velocidades recentemente descrito por Mader. Esperou-se que uma melhor compreensão
dessas relações poderiam fornecer evidências de como ajustar
intensidades de treinamento a partir dos resultados obtidos do teste de duas velocidades.
Cinqüenta e nove nadadores de nível nacional da Alemanha participaram
deste estudo. Depois de um teste de 30min nadando em máxima velocidade,
a média da concentração de ácido láctico encontrada
foi de 4,01 + - 0,75mmol/l. A velocidade média correspondente foi similar
à velocidade (V4) calculada para o nível de 4mmol/l baseada nos
resultados do teste de duas velocidades (2x400). Durante 30min de natação
contínua entre 95 e 105% da velocidade V4, houve correlação
significativa (r=0,82; P<0,001) entre a velocidade em natação
e a concentração de ácido láctico. No teste máximo
de 30min, a velocidade V4 correlacionou-se significativamente com concentração
de ácido lático (r=0,97; P<0,001). Durante os exercícios
intervalados com períodos de descanso de 10s, as velocidades em natação
corresponderam ao mesmo nível de ácido láctico durante a
natação contínua, aumentando para 50, 100, 200 e 400 em 11,23%,
4,21% , 2,95%, e 2,02% da velocidade V4, respectivamente. Com períodos
de descanso de 30s, a velocidade em natação para os 100, 200 e 400m
aumentaram em 7,34%, 4,22% e 3,01% da V4, respectivamente. Em contraponto de uma
velocidade constante em natação durante as séries intervaladas
com períodos de descanso de 30s, encontramos uma diminuição
significativa do ácido láctico entre a primeira e a terceira repetição.
Palavras-chaves: exercícios de resistência,
treinamento físico, natação, ácido láctico,
limiar anaeróbio. Introdução Uma
correlação direta entre a concentração de ácido
lático no sangue capilar e a carga de trabalho tem sido retratada para
exercícios os quais envolvem igualmente o metabolismo aeróbio e
anaeróbio. Baseada nesta relação, a capacidade física
de trabalho pode ser avaliada com alta precisão em muitas disciplinas esportivas
(1-5,10-14,17-19,22,23,26-19). O objetivo deste estudo foi tentar obter
informações de um teste de natação - com ou sem mensurações
de ácido lático - sobre como ajustar a intensidade individual durante
o treinamento de resistência. A relação entre o ácido
lático e a velocidade durante exercícios típicos realizados
durante o treinamento de resistência de natação foi comparada
com o resultado de duas velocidades, recentemente descrito por Mader et al.(17).
Metodologia A capacidade de resistência individual
de 59 nadadores alemães de alto nível foi avaliada pelo teste de
duas velocidades de Mader et al.(17). Os atletas perfizeram 2 tiros de 400m a
uma velocidade constante; o primeiro tiro a uma velocidade sub-máxima (ca.
85% do melhor tempo), o segundo tiro com a mais alta velocidade possível.
Os dois tiros foram separados por 20min de intervalo de descanso. Antes e aos
1, 3, 5 e 7 minutos após cada tiro, 20ml de sangue capilar foi retirado
do lóbulo da orelha para determinar a concentração de ácido
lático. Por procedimento matemático (17), a concentração
de ácido láctico para uma velocidade predeterminada ou vice-versa
(velocidade para uma predeterminada concentração) foi calculada
(Fig. 1). O limiar anaeróbio é geralmente definido como a
intensidade de exercício a uma concentração de ácido
lático de 4mmol/l (5.6.8-11). Vários estudos, entretanto, mostraram
que o limiar anaeróbio individual pode ser encontrado acima ou abaixo de
4mmol/l (3, 5, 13, 23, 27, 28). Neste presente estudo, a velocidade em natação
em 4 mmol/l (=V4) foi escolhida como critério da capacidade aeróbia
em natação, independentemente do uso na definição
do limiar anaeróbio individual. Intensidades de treinamento foram expressas
como percentuais da velocidade em natação em lactato em uma concentração
de 4mmol/l e em conformidade a valores individuais poderiam ser comparados. Durante
um período de 30 dias, três diferentes séries de testes (cada
totalizando a distância de 2400m) foram realizados em uma piscina de 50m
(Fig. 2). A velocidade de natação durante todo o teste foi mantido
a mais constante possível. Na primeira série dos testes,
os atletas foram incentivados a nadar a maior distância possível
em 30 e 60min. As velocidades em natação (V30max e V60max, respectivamente)
foram registradas. Durante os dias seguintes, o teste de 30min foi realizado em
90% e 95% da V30max (Fig. 2). Nas séries subseqüentes, os atletas
participaram em um período de 7 dias de 4 testes intervalados (6x400m,
12x200m, 24x100m e 48x50m) com intervalos de descanso de 10s entre cada tiro de
acordo com o esquema apresentado na Fig. 2. Exceto para os 48x50m, os mesmos testes
intervalados foram repetidos com 30s de intervalo de descanso durante a terceira
fase de testes (Fig. 2). A concentração de ácido láctico
foi determinada em 20ml de sangue capilar retirado do lóbulo da orelha
antes e 1, 3 e 5min após cada teste assim como durante os 30s de descanso
(terceira fase). Para controlar a capacidade de resistência durante todo
o período de testes (30 dias), um teste de duas velocidades foi incluído
antes e depois de cada uma das três fases de testes. O teste Newman-Keuls
foi utilizada para avaliar as diferenças estatisticamente diferentes entre
as médias. P > 0.05 foi considerado como não significativa. Todos
os procedimentos matemáticos foram feitos com DIGITAL 11/24 DEC. Resultados
A média da velocidade máxima em natação encontrada
durante o teste de 30min (1.361 +-0.057m/s) foi significativamente maior em relação
ao teste de 60min (1.341 +-0.095m/s, P <0.05). Ambos valores, entretanto, não
diferem de maneira significativa da velocidade em 4mmol/l de concentração
de ácido láctico (=V4=1.353+-0.066m/s), determinada pelo teste de
duas velocidades (Fig. 3). A média da concentração de ácido
láctico após o teste de 30min foi de 4.01+-0.75mmol/l e pareceu
ser significativamente maior P < 0.05) do que após o teste de 60min
(3,01+-0.60mmol/l). Depois dos 30min nadados a 95% da velocidade máxima
individual, uma significativa diminuição (P < 0.05) da média
da concentração de lactato (de 4.01+-0.75 a 2.11+-0.58mmol/l) foi
observada. A 90% da velocidade máxima, a concentração de
lactato a concentração de ácido láctico não
diferiu daquela encontrada após o teste a 95% (Fig. 3). Uma correlação
significativa positiva (r=0.97; P< 0.001) foi encontrada entre a velocidade
máxima no teste de 30min e a velocidade em natação a uma
concentração de ácido láctico de 4mmol/l durante o
teste de 2x400 em duas velocidades (V4). No intervalo entre 95%-105% da
V4, a velocidade em natação durante os testes de 30 min correlacionaram-se
significativamente e positivamente à concentração de ácido
láctico (r=0.82; P , 0.001, Fig. 4). Nos mesmos atletas houve uma
significante e negativa correlação (r=-0.82; P <0.005) entre
a máxima concentração de ácido láctico após
o teste de 30min em máxima velocidade e a velocidade em natação
obtida na concentração de 4mmol/l no teste de duas velocidades de
2x400m (V4). Houve, também, uma correlação negativa (r=-0.81;
P <0.01) entre esta V4 e o percentual de V4 que poderia ser mantido durante
o teste de 30min em velocidade máxima. Durante os testes intervalados,
a velocidade em natação aumentou quando as distâncias ficaram
menores (de 400, 200, 100 a 50m). Durante os 24x100m e os 48x50m, a velocidade
de natação foi significativamente mais alta do que a velocidade
em natação a 4mmol/l no teste de duas velocidades de 2x400m (P<0.01).
Durante os testes intervalados com a mesma distância acima um aumento adicional
na velocidade ocorreu quando prolongado o intervalo de 10 para 30s. Este aumento,
entretanto, foi significativo apenas durante os 24x100m (p<0.05). Após
todos os testes intervalados, a concentração de ácido láctico
permaneceu abaixo do nível de 4mmol/l. Diferenças entre a média
dos valores de ácido láctico pós exercício dos testes
intervalados com 10 e 30s de intervalo de descanso não foram estatisticamente
significantes. Para o mesmo nível de ácido láctico,
um aumento da velocidade em natação (expressa com % da V4) durante
os testes intervalados com 10 a 30s de período de descanso foram calculadas
quando comparados aos 30min de natação contínua. Para os
6x400m, encontramos um aumento de 2,02% e 3,01% sobre a V4, respectivamente, para
os 12x200 um aumento de 2,95% e 4,22%, para os 24x100m um aumento de 4,21% e 7,34%,
respectivamente, e para os 48x50m com 10s de descanso 11,23% em relação
a V4. O primeiro 400m dos 6x400m do teste intervalado com intervalo de
30s foi nadado a uma velocidade que, de acordo com os resultados individuais do
teste de 2x400 em duas velocidades, uma concentração média
de ácido lático de 3,40+-0.47mmol/l fosse esperada. A concentração
média de ácido láctico mensurada após este primeiro
de 400m (3,47+-0.49mmol/l) foi extremamente próximo ao valor médio
de ácido láctico esperado. Durante o próximo tiro de 400m,
a real concentração de ácido láctico decresceu para
2,48+-0,43mmol/l e permaneceu neste nível durante as repetições
subsequentes. Diferenças significativas entre os valores reais e calculadas
de ácido láctico foram encontrados (P<0,005; Fig. 6). A mesma
observação foi feita durante os 12x200m e os 24x100m nos testes
intervalados com períodos de descanso de 30s. Discussão
Após o teste de 30min em natação máxima, encontramos
um pico médio pós-exercício no valor da concentração
de ácido lático de 4,01+-0,75mmol/l e uma velocidade média
de natação de 1,353+-0,057 m/s. Esta velocidade média correspondia
intimamente à média de velocidade a um nível de ácido
láctico de 4mmol/l no teste de duas velocidades de 2x400m (=V4), não
obstante, desde que os percentuais de V4, podem ser mantidos durante o teste máximo
de 30min, diminuições com aumento no nível de V4, uma estimativa
válida da V4 sem uma mensuração de ácido láctico
parece apenas ser possível pela resolução da equação
V4 = 1,367 x V30max 0,509 (V30max = máxima e contínua velocidade
em natação obtida durante o teste de 30min nadando). A forte correlação
entre intensidade ( = velocidade em natação expressa em percentual
da V4) de um exercício de 30min nadando e a concentração
de ácido láctico torna possível o ajuste da intensidade em
exercício prolongado usando percentuais da V4. Parece, entretanto, que
quanto maior a capacidade de resistência do nadador, menor os níveis
de ácido láctico ele irá tolerar. A partir e um modelo
matemático para o suprimento de energia durante o exercício, proposto
por Mader et al. (16, 17), pode ser deduzido que durante um tempo reduzido de
descanso de 10s uma considerável regeneração da creatina-fosfato
ocorre. Pelo prolongamento dos períodos de intervalo, o suprimento de energia
originado pela creatina-fosfato aumento. Consequentemente, uma elevada velocidade
em natação para um dado nível de ácido láctico
é possível. Em contraponto de uma constante carga de trabalho durante
os exercícios intervalados com um período de descanso de 30s, uma
diminuição na concentração de ácido láctico
foi observada (Fig. 6). Desde que a regeneração das reservas de
creatina-fosfato durante os 30s de intervalo pode nunca chegar aos níveis
de pré-exercício, uma média mais alta no total do consumo
de oxigênio durante as seguidas repetições pode ser responsável
por esta diminuição. Até o momento, a pergunta se um aumento
da carga de trabalho durante as séries pode ser considerada um mais efetivo
"stress" no sistema aeróbio não pode ser respondida. Fonte:
Flávio de Souza
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