As mais altas concentrações de Creatina no corpo se
encontram na musculatura esquelética. (95% do pool de creatina total) sob forma
livre e fosforilada ou fosfocreatina (PCr) Outros tecidos que contém quantidades
significativas de Cr são o músculo cardíaco, cérebro, espermatozóides e retina.
Esta distribuição indica que a Cr é transportada pela corrente sangüínea do local
da síntese para o local de utilização. As concentrações de Cr e PCr correlacionam
com a capacidade glicolítica dos diferentes músculos esqueléticos. As fibras musculares
tipo IIa e IIb (ação rápida) contém altas concentrações enquanto que as fibras
musculares tipo I (ação lenta) contém menores concentrações. Nos indivíduos saudáveis
a concentração de creatina (Cr) total muscular varia de 100-160 mmol/kg de tecido
com uma concentração média de 125 mmol/kg tecido. Porém, no indivíduo com desgaste
muscular e na vigência de doença, a concentração se encontra diminuída. Os
mecanismos de produção de energia básica na contração muscular serão detalhados
de forma prática em pequenos tópicos como se segue; Os eventos
mecânicos da contração muscular se originam através de uma complexa interação
entre a actina e miosina durante a qual a adenosina trifosfato (ATP) é hidrolisada
a adenosina difosfato (ADP). A concentração de ATP no músculo é suficiente apenas
para um número limitado de contrações e, não difere entre as espécies assim como
tipos de fibras. Por outro lado, a taxa máxima de hidrólise da ATP, isto é, reação
exergônica na qual o músculo pode desenvolver sua potência máxima instantânea
e é imposta pela atividade máxima da enzima ATPase da fibra muscular. Esta enzima
controla a velocidade do processo e varia significativamente entre as fibras tipo
I (fibras de ação lenta ST) e fibras tipo II (fibras de ação rápida FT).Músculos
com capacidade de desenvolver nível de "pique" máximo de potência (W) acontecem
apenas naqueles que contém uma grande proporção de fibras tipo II (80% ou mais
do conteúdo total de fibras tipo II, que são geneticamente adquiridas). Como acontece
em nadadores "sprinters" com reação de alta potência (potência instantânea) e
curta duração (tempo) e/ou distância (metragem). Produção
do "pique" de potência (W): Como dito anteriormente, a hidrólise do ATP como
desenvolvimento de W é um processo instantâneo A cinética da ressíntese
de ATP é um processo extremamente rápido. O ATP é ressintetisado pela transferência
de um grupo P de alta energia da fosfocreatina (PCr) do ADP sem necessidade de
oxigênio. O músculo, quando gera potência mecânica às custas de suas fontes endógenas
de fosfato de alta energia (P) são ditas desenvolver "débito de O2 alático",
isto é, que pode ser pago ou recuperado durante o período de recuperação aeróbica. A
transferência de fósforo de alta energia da PCr para o ADP leva a uma diminuição
progressiva de PCr muscular. As alterações nas concentrações de um ou mais dos
metabólicos intermedários envolvidos na reação mencionada acima (reservas ou pool
de ATP, PCr, ATPase) aumentam o nível de envolvimento do metabolismo oxidativo
para manter de pronto a taxa de ressíntese de ATP através da via oxidativa (quarto
sistema de fornecimento de energia, aeróbico). O terceiro sistema de fornecimento
de energia é o sistema anaeróbico ou lático). A suplementação
oral de creatina monofosfato (Cr.H2O) têm sido apontada como responsável pelo
aumento dos níveis de creatino-fosfato no músculo. A CrPh têm importantes funções
no metabolismo da musculatura esquelética, incluindo, seu papel na ressíntese
de ATP no sistema energético. A depleção das reservas de Cr.Ph. pode estar
associada com início da fadiga muscular. Pesquisas recentes
sugerem que a suplementação oral de Cr.H2O pode aumentar os níveis de creatina
livre e creatina monofosfato muscular. Implicações e benefícios
potencial na performance, através da suplementação de Cr.H2O, têm recebido atenção
na literatura ligada a ciência no esporte. ( em vista da publicidade dada à performance
dos atletas do atletismo ("sprinters") britânicos nos jogos Olímpicos de Barcelona
de 1992 e o envolvimento da comunidade aquática na utilização deste suplemento). Estudos
recentes realizados em nadadores australianos ( Instituto do Esporte - Camberra,
Austrália R.D. Telford) não sustentam a hipótese de que a suplementação de creatina
aumente a performance numa sessão única de tiro ( 25, 50 e 100 metros ) em
nadadores de elite altamente treinados. COMENTÁRIOS: De
acordo com Willians (1992) auxílios ergogênicos podem ser classificadas em diferentes
categorias, incluindo auxílio; mecânico, psicológico, farmacológico, fisiológico
e nutricional. Ergogênico é derivado de um termo grego que significa
"produção de trabalho", em relação a prática desportiva "implica em qualquer meio
com intuito de realçar a utilização de energia seja, através
do aumento da produção, aumento do controle ou
aumento da eficiência energética" A creatina
é um composto natural internamente sintetizado pelo fígado, pâncreas e rins dos
amino ácidos arginina, glicina e metionina. Além da síntese endógena, a Cr é também
encontrada na dieta, principalmente peixe, carnes e outros produtos animais e
quantidades insignificantes em vegetais. Suplementos ergogênicos
nutricionais não estão, até o momento, incluídos na lista do Comitê olímpico Internacional
e da FINA como substâncias banidas, isto é, consideradas "doping" Dentre
as substâncias ergogênicas nutricionais que se suspeita terem um potencial aumento
da performance, a creatina monofosfato tem sido uma das mais populares nos últimos
anos. Os efeitos da suplementação da creatina na performance
do exercício têm sido razoavelmente estudada em pessoas sedentárias ou moderadamente
treinadas sob condições de laboratório. Porém, pouco é conhecido a respeito da
sua possível influência na performance do atleta altamente treinado. Mesmo com
dados científicos disponíveis referentes aos efeitos da suplementação de creatina
na performance do esporte, estes dados são limitados e controversos. Parece
que a suplementação de creatina é mais efetiva na melhora da performance em sessões
repetidas de exercício de alta intensidade com curto espaço de tempo para recuperação
( menos de 1 minuto, talvez abaixo de 5 minutos). Após 10 minutos de intervalo
entre sessões de exercício de alta intensidade ocorre fisiologicamente total ressíntese
de creatina muscular. O aumento da performance tem sido atribuído a ambos,
a uma disponibilidade aumentada de creatina muscular na fase inicial de uma
sessão e, também devido a uma taxa aumentada de ressíntese de creatina
fosfato durante o período de recuperação após uma sessão de tiros curtos de
alta intensidade. A suplementação de creatina não parece
aumentar a performance de endurance , Além do mais, pode ser desfavorável à performance,
talvez relacionada a um maior ganho de peso corporal, (1-2 kg de massa magra e
água corporal). Alguns fatores parecem servir de explicação
para não melhora da performance com a suplementação de Cr. em nadadores sprinters.
Os níveis de fosfocreatina não aumentam em resposta a suplementação pelo fato
de que existe um limiar de creatina corporal (pool de creatina), acima do qual
não é armazenada no músculo. ( nestes casos pode haver aumento da concentração
renal de creatina levando a um potencial aumento da carga de soluto renal). É
possível que alguns ou todos os nadadores tenham altos níveis iniciais (repouso)
de creatina muscular, não respondendo neste caso a suplementação de creatina.
De fato, Greenhaff e col. reportaram recentemente que atletas, com níveis iniciais
acima de 120 mmol.kg.peso seco de músculo, obtiveram pouco benefício na taxa de
ressíntese de fosfocreatina após período de recuperação do exercício intenso. Teoricamente,
os nadadores podem se beneficiar com suplementação de creatina:
aumentando as reservas de PCr, que
pode aumentar a capacidade de manter a potência máxima durante eventos de curta
e média distância. facilitando a recuperação nas sessões
repetidas de exercício de sprinter, na qual melhora a qualidade do treinamento;
promove ganho de tecido magro, com ganho na força e potência
Estes benefícios
se apresentam de forma diferenciadas em função dos objetivos dos trabalhos de
pesquisa a que se propõem e, que dependem da; dosagem utilizada (doses
altas e baixas), tempo de utilização (suplementação por período curto e
longo), momento de sua utilização (suplementação durante o treinamento
e competição), modalidade de esporte (tipo de esforço físico intermitente
e cíclico) e tipo do atleta (atleta com características velocista, meio
fundista e fundista).
Colaborador
da Web Swimming: Dr. MARCUS F. BERNHOEFT (Diretor do Depta.
Médico da CBDA) Email: bernhoef@antares.com.br |