A relevância do fluxo
circular de água para a propulsão em natação
Bodo E. Ungerechts In International
Series on Biomechanics, X-B Vol. 6B, Edited by Bengt Jonsson. Human Kinetics
Publishers, Inc. Champaign Illinois, 1987 Tradução:
Flávio de Souza
Castro A questão básica na hidrodinâmica aplicada
à natação é como um corpo que gera sua própria
propulsão pode gerar impulso a fim de atingir altas velocidades de nado?
A pergunta é interessante tanto na natação de atletas, quanto
na natação de vertebrados, que estão altamente adaptados
ao meio aquático. A resposta dessa pergunta também ajuda a distinguir
entre múltiplos princípios com relação a corpos que
geram sua própria propulsão. Na pesquisa em natação,
os mais populares princípios da propulsão são "ação
e reação" e o princípio de Bernoulli ou princípio
da força de sustentação. Os princípios foram discutidos
em vários estudos (Barthels, 1979; Counsilman, 1971; Schleihauf, 1979),
mas uma teoria que abranja a propulsão de corpos auto-propulsivos permanece
a ser trabalhada. Os acima mencionados princípios foram principalmente
aplicados ao movimentos de braços e mãos. Quando foram aplicados
ao movimento de pernas do peito ou "flutter", ocorreu uma discrepância.
Referente à relação da máxima aceleração
do corpo com o movimento de pernas, é óbvio que a maior aceleração
ocorre quando os pés mudam suas direções (Ungerechts, 1984).
A questão atinge a qual princípio hidrodinâmico para
produção de impulso poderia estar envolvido naqueles casos, quando
os membros inferiores a recém completaram os movimentos de volta. O que
acontece no fluxo que fornece forças propulsivas resultantes em altas velocidades
de natação? Este é o propósito deste capítulo:
colocar atenção a um outro princípio o princípio
do vórtice pela descrição do fluxo que se torna visível
ao longo de corpos em natação. Materiais
e métodos A investigação do fluxo foi executada com
mergulhadores de scuba com movimentos de pernas de golfinho e de crawl. Aos nadadores
foi solicitado para nadarem para frente, 1,5 m abaixo da superfície com
os braços estendidos carregando um grande esguicho nas mãos. Do
esguicho saía um tubo em direção á superfície
dorsal dos pés. O esguicho foi enchido com uma tintura fluorescente, que
produzia um fluxo colorido em forma de fita, quando água era injetada por
um tubo na direção do fluxo de água. Isso foi filmado, fotografado
e então analisado. A descrição do fluxo é apresentada
relativa ao movimento do corpo a um sistema de referência fixo (no caso
a piscina). Resultados Iniciando a análise
com a observação do fluxo visível relativo aos movimentos
periódicos do corpo, duas seqüências podem ser separadas: (a)
um movimento de um lado para outro, a fase de deflexão; e (b) o movimento
próximo a cada ponto de mudança, a fase reversa. Durante a fase
de deflexão, o fluxo ao longo do pé permanece junto ao superfície
dorsal. Esta é uma observação encontrada que indica a falta
de um fluxo cruzado da superfície dorsal para a superfície plantar
do pé. A falta de um fluxo cruzado intenso contradiz a opinião corrente
que impulso do movimento de pernas pode ser derivado exclusivamente a partir da
relação com a resistência. Durante a fase reversa do movimento,
a trajetória do fluxo muda caracteristicamente. O fluxo é colocado
em rotação como indicado pela concentração de tintura
fluorescente. Parece que o movimento do corpo fornece um efeito transfigurante
no fluxo ao longo do corpo, mudando o movimento do fluxo de translação
para rotação. O fluxo atrás do nadador revela o mesmo formato
sinoidal irregular que foi reconhecido a partir dos traços de luz fotografados.
Mesmo se o nadador já tiver passado, uma corrente de elos de vórtices
permanece onde foram produzidos. Discussão e conclusão
Quando fala-se dos princípios da propulsão em um meio aquático,
o ponto de vista deve ser o hidrodinâmico, ou seja, deveria-se considerar
o fluído. Ênfase será colocada em como propulsão será
realizada pelo fluxo, o qual é colocado em rotação pela ação
do corpo. A resposta é que ações periódicas causam
mudanças na velocidade do fluxo, resultando em vórtices. Esses vórtices
rolarão em um movimento que pode ser imaginado como água em rotação
com certa quantidade de torque (Lighthill, 1969). Durante o nado, vários
vórtices são deixados para trás, lembrando a "Karman
Vortex Street". De acordo com as pioneiras contribuições de
Wu (1961) e Lighthill (1969), a produção de propulsão pelo
movimento de pernas pode ser pensado como resultado da formação
de água em rotação. Lighthill (1969) conjectura que a propulsão
é devido a uma trajetória em forma de jato induzida pela água
em rotação. De acordo com o estudo de Elligton (1984), com
aplicação matemática, parece claro que forças de sustentação
são de origem circular, e o coeficiente médio de sustentação
deve ser maior que o máximo em movimento estável (Elligton, 1984).
Finalmente, a rotação da água cria um campo veloz
que também gira, influenciando o fluxo ao longo do pé durante a
seguida fase de deflexão. Como a direção do campo de velocidade
é como o do pé, um fluxo cruzado poderia ser contido, talvez atribuindo-se
ao acima mencionado incremento no coeficiente de sustentação circular.
A despeito da natureza do provável efeito propulsivo da água em
rotação, pode ser estabelecido que vórtices agem de duas
maneiras diferentes: aumentando torque e criando um campo de velocidade. A
teoria do vórtice pode, é claro, ser estendida aos vertebrados que
nadam rapidamente. Diferença óbvia do efeito do batimento de perna
na propulsão em golfinhos e humanos, o qual assume-se ser de um fator de
no mínimo 100, pode ser atribuído parcialmente a algumas diferenças
morfológicas. Além do maior e melhor formato da superfície
do nadadeira relativo à cauda é muito maior do que a de flexão
do pé na articulação do tornozelo. Na natação
de competição, técnicos experientes sabem, há longo
tempo, que uma pernada efetiva está relacionada a alta flexibilidade na
articulação do tornozelo. Baseado na teoria do vórtice, esta
inter-relação poderia ser explicada. Melhor flexibilidade causa
uma maior fase de deslocamento entre o movimento da perna e pé e produz
um torque rotacional poderoso. No treinamento de nadadores, ênfase
deveria ser colocada no treinamento de flexibilidade do tornozelo. Em períodos
de treinamento técnico, a idéia de conhecimento hidrodinâmico
deveria ser parte da instrução. Atenção deveria ser
focada na fase reversa, na qual a água é colocada em vórtices.
Para objetivos didáticos, as figuras na literatura concernentes ao movimento
de perna na natação deveria demonstrar esta importante fase. |