História
dos Desportos Aquáticos Brasileiros em Olimpíadas
Tempos Heróicos
(1920 a 1948)
Os desportos aquáticos brasileiros participam das
Olimpíadas desde 1920, quando o país enviou sua primeira
delegação para os Jogos da Antuérpia, na Bélgica. Das
cinco modalidades, três eram aquáticas: natação, saltos
ornamentais e pólo aquático. As demais eram remo e tiro.
A viagem, a bordo do navio Curvello, foi uma aventura
que exigiu da equipe determinação, amor aos esportes
e muita vontade de competir.
O espírito esportivo esteve presente em todos os difíceis
momentos daquela competição. Só para citar um exemplo,
cinco atletas da delegação competiram em três modalidades
ao mesmo tempo - natação, remo e pólo aquático. Abrahão
Saliture, Adhemar Ferreira Serpa, Angelo Gammaro (o
Angelu), João Jório e Orlando Amedola enfrentaram a
água da piscina que marcava três graus, no dia do primeiro
jogo de pólo aquático.
O chefe da delegação brasileira teve a idéia de massagear
um atleta que estava quase congelado, no que foi seguido
por todos, inclusive os franceses. Com todo aquele frio,
nem mesmo o time da França, acostumado às baixas temperaturas,
resistiu - um jogador foi retirado da piscina desmaiado.
Fortes adversários da equipe brasileira, acabaram derrotados,
na prorrogação, por 6 a 2.
No entanto, a equipe brasileira sentiu o esforço e
foi eliminada da competição pelo time sueco, terminando
em sexto lugar. Os demais jogadores de pólo aquático
eram Agostinho Sá (Mangagá), Edgard Leite Ribeiro, Carlos
Eulálio Lopes, Pedro Santos, Vitorino Ramos Fernandes
(Chocolate), e Alcides de Barros Paiva.
Depois de disputar o pólo aquático com tantos obstáculos,
Abrahão Saliture, Adhemar Serpa, Angelo Gammaro, João
Jório e Orlando Amedola partiram para a natação. Seria
muito difícil chegar perto dos tempos dos nadadores
europeus, em especial para Saliture que, aos 37 anos,
tinha um defeito no braço desde a infância. A deficiência
não o impediu de praticar esportes e de se tornar um
dos melhores nadadores da América do início do século.
Nos Jogos seguintes, já com 49 anos, Abrahão Saliture
voltaria a participar de outra aventura.
A falta de dinheiro quase deixou o Brasil fora das
Olimpíadas de 1932, em Los Angeles, mas o governo encontrou
uma saída no mínimo curiosa. Os 69 atletas trabalharam
no navio Itaquecê, da Marinha Mercante, transportando
50 mil sacas de café. Depois de muitos atropelos, apenas
45 atletas conseguiram desembarcar, entre eles, a primeira
mulher sul-americana a disputar uma Olimpíada, a nadadora
Maria Emma H. Lenk Zigler. Ela não conseguiu classificação,
mas competiu nos 100m livres, 100m costas e 200m peito.
Maria Lenk voltou a nadar nos Jogos Olímpicos de Berlim,
em 1936, dessa vez acompanhada de outras atletas. Dos
nove competidores brasileiros, cinco eram mulheres e
quatro delas da equipe de natação: Maria Lenk, Piedade
Coutinho, Scylla Venancio e Sieglind Lenk. Piedade Coutinho
conquistou o quinto lugar nos 100m livre. Três anos
depois, em 1939, Maria Lenk foi a primeira brasileira
a quebrar um recorde mundial, nos 200m peito.
Piedade voltou a se destacar nos Jogos Olímpicos de
Londres, em 1948 (Os Jogos de 1940 e 44 não se realizaram
por causa da segunda guerra mundial). Ela foi finalista,
terminou em sexto lugar, nos 400m livre e na equipe
de 4x100m do mesmo estilo ao lado de Eleonora Schimidt,
Maria Angélica Costa e Talita Rodrigues. O nadador Willi
Otto Jordan também conseguiu a mesma colocação, nos
200m peito.
Tempos de Medalhas (1952 a 1996)
Foram precisos 56 anos desde a inauguração dos Jogos
Olímpicos da era moderna, em 1896, para que a natação
conseguisse sua primeira medalha. Na Olimpíada de Helsinki,
em 1952, com uma infra-estrutura muito superior aos
Jogos anteriores, a medalha veio de um fundista, Tetsuo
Okamoto, que conquistou a medalha de bronze nos 1500m
livre, com o tempo de 19m05s56. A marca lhe deu o apelido
de "peixe-voador". Um jovem chamado Jooão Havelange
participa de sua primeira Olimpíada, na equipe brasileira
de pólo aquático.
Em 1960, nos Jogos de Roma, Manoel dos Santos repetiu
o bronze, nos 100m livre, com 55s54. Em 1964, antes
das Olimpíadas de Tóquio, Manoel dos Santos superou
o recorde mundial dos 100m livre. Em 68, ano dos Jogos
do México, outro brasileiro supera um recorde do mundo,
José Silvio Fiolo, nos 100m peito.
Nas Olimpíadas de Montreal, em 1976, Djan Madruga
conseguiu o quarto lugar nos 400m e 1500m livre, respectivamente,
com 3m57s18, e 15m19s84. O bom resultado já anuciava
a medalha que estava por vir nos Jogos de Moscou, em
1980. Djan, Cyro Delgado, Jorge Fernandes e Marcos Mattioli
conquistaram o bronze no 4x200m livre.
A era de prata chegou com Ricardo Prado, nas Olimpíadas
de Los Angeles, em 1984. Ele conquistou o segundo lugar
nos 400m medley, com 4m18s45, e o quarto lugar nos 200m
costas. Dois anos antes, no 4o Campeonato Mundial de
Natação, em Guaiaquil, no Equador, "Pradinho" superou
o recorde mundial da prova, com 4m19s78. Em 1984, a
natação sincronizada entra no programa olímpico e o
Brasil participa com as irmãs Paula e Tessa Carvalho.
Em Seul, 1988, surge Rogério Romero, finalista A nos
200m costas.
Os anos 90 trouxeram Gustavo Borges e Fernando Scherer.
Gustavo surpreendeu o mundo ao conquistar a segunda
medalha de prata da natação brasileira em Olimpíadas.
Ele subiu ao pódio nos 100m livre dos Jogos Olímpicos
de Barcelona, em 1992. Em Atlanta, em 1996, Gustavo
voltaria a brilhar com a prata nos 200m livre e o bronze
nos 100m do mesmo estilo. Em Atlanta, Fernando Scherer
entra para o seleto grupo de medalhistas olímpicos,
com o bronze nos 50m livre.
Jogos Olímpicos de Atlanta/1996- Participantes: Natação.
Gustavo Borges ganha prata nos 200m livre e bronze nos
100m livre. Fernando Scherer ganha bronze nos 50m livre.
Jogos Olímpicos de Barcelona/1992 - Participantes:
Natação, Natação Sincronizada e Saltos Ornamentais.
Gustavo Borges ganha prata nos 100m livre. Dueto de
Cristiana Lobo e Fernanda Veirano se classifica em 15o
lugar e solo de Gláucia Soutinho, em 16o . A saltadora
Silvana Neitzke termina em 28o lugar.
Jogos Olímpicos de Seul/1988 - Participantes: Natação,
Natação Sincronizada e Saltos Ornamentais. Rogério Romero
é finalista A, com 8o lugar nos 200m costas.
Jogos Olímpicos de Los Angeles/1984 - Participantes:
Natação, Natação Sincronizada e Saltos Ornamentais.
Ricardo Prado ganha prata nos 400m medley.
Jogos Olímpicos de Moscou/1980 - Participantes: Natação
e Saltos Ornamentais. Djan Madruga, Cyro Delgado, Marcus
Mattioli e Jorge Fernandes ganham bronze no 4x200m livre.
Jogos Olímpicos de Montreal/1976 - Participantes:
Natação e Saltos Ornamentais. Djan Madruga consegue
o quarto lugar nos 400m e 1500m livre.
Jogos Olímpicos do México/1968 - Participantes: Natação
e Pólo Aquático.
Jogos Olímpicos de Tóquio/1964 - Participantes: Natação
e Pólo Aquático.
Jogos Olímpicos de Roma/1960 - Participantes: Natação,
Pólo Aquático e Saltos Ornamentais. Manoel dos Santos
ganha bronze nos 100m livre.
Jogos Olímpicos de Melbourne/1956 - Participantes:
Natação e Saltos Ornamentais. A saltadora Mary Dalva
Proença é a única mulher da equipe, classificando-se
em 16o lugar na plataforma.
Jogos Olímpicos de Helsinque/1952 - Participantes:
Natação, Pólo Aquático e Saltos Ornamentais. Tetsuo
Okamoto ganha a primeira medalha dos desportos aquáticos
brasileiros em Olimpíadas, bronze nos 1500m livre. João
Havelange faz parte da equipe de pólo aquático.
Jogos Olímpicos de Londres/1948 - Participantes: Natação
e Saltos Ornamentais. Piedade Coutinho, nos 400m livre,
e a equipe feminina de 4x100m livre (Piedade, Eleonora
Schimidt, Maria Angélica Costa e Talita Rodrigues) conquistam
o sexto lugar.
Jogos Olímpicos de Berlim/1936 - Piedade Coutinho
termina os 100m livre em quinto lugar.
Jogos Olímpicos de Los Angeles/1932 - Participantes:
Natação, Pólo Aquático e Saltos Ornamentais. Maria Lenk
é a primeira mulher na América do Sul a participar de
uma Olimpíada.
Jogos Olímpicos da Antuérpia/1920 - Participantes:
Natação, Pólo Aquático e Saltos Ornamentais. Pólo aquático
é sexto colocado.
Fonte:
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