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Comparação de Lactato Mínimo, Freqüência Cardíaca e Freqüência de Braçada no Nado Crawl entre Nadadores e Triatletas

 

Alexandre Ortiz Ferreira

Monografia apresentada à Escola Superior de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, como requisito parcial para obtenção do grau de Especialista em Fisiologia do Exercício.

 

PROF.ORIENTADOR: DR. ÁLVARO REISCHAK DE OLIVEIRA
PROF. CO-ORIENTADOR: FLAVIO DE SOUZA CASTRO

PORTO ALEGRE, NOVEMBRO DE 2001.

 

RESUMO

A metodologia elaborada por TEGTBUR, BUSSE & BRAUMANN (1993), foi utilizada como referencial para encontrar o lactato mínimo, que corresponde à máxima intensidade de exercício, na qual existe equilíbrio entre a produção e remoção de lactato. O objetivo deste estudo foi comparar o Lactato Mínimo (LM), a Freqüência Cardíaca (FC) e a Freqüência de Braçada (FB) no nado crawl em nadadores velocistas e fundistas e triatletas. A amostra foi formada por nove atletas do sexo masculino com idade média de 21,22± 4,68 anos. Durante o teste cada atleta realizou dois tiros de 50m em nado crawl em piscina semi-olímpica na máxima intensidade, com o objetivo de induzir o acúmulo de lactato. Após oito minutos de recuperação passiva, os atletas iniciaram um teste contínuo de cargas progressivas (100m). O LM foi identificado como sendo a intensidade correspondente a menor concentração de lactato durante o teste de cargas progressivas. No mesmo teste foi verificada a FC e a FB de cada atleta. Os resultados deste estudo demonstraram que não houve diferença significativa (p>0,05) entre nadadores velocistas e fundistas e triatletas, para o LM, a FC e a FB. Concluiu-se que não houve diferença significativa entre os grupos e entre as amostras pelo baixo número de atletas pesquisados (n=3 em cada grupo) e pelo diferente nível de preparação física entre os grupos, sendo necessários mais estudos e pesquisas com um número maior de atletas para supostamente encontrar outros resultados.

Unitermos: velocidade de lactato mínimo, freqüência cardíaca, freqüência de braçada, natação.

ABSTRACT

Comparison of Minimum Lactate, Heart Rate and Stroke Frequency in crawl swim among Swimmers and Triathletes.

The methodology elaborated by TEGTBUR, BUSSE & BRAUMANN (1993), has been used as referential to find the minimum lactate, which corresponds to the maximum exercise intensity, when exits balance between the production and lactate removal. The objective of this study was to compare Minimum Lactate (ML), the Heart Rate (HR) and the Stroke Frequency (SF) in crawl speed swimmers and long distance swimmers and triathletes. Nine male athletes with medium age 21,22±4,68 years old formed the sample. During the test each athlete accomplished two shots of 50m crawl in short course swimming pool in the maximum intensity, with the objective of inducing the lactate accumulation. After eight minutes of passive recovery, the athletes began a continuous test of progressive loads (100m). ML was identified as being the corresponding intensity the smallest lactate concentration found the test of progressive loads. In the same test were verified HR and each athlete's SF. The results demonstrated that there was not significant difference (p>0,05) among speed swimmers and long distance swimmers and triathletes. It can be concluded that there was not significant difference among the groups and the samples because the low number of researched athletes (n=3 in each group) and for the level of physical preparation among the groups, It is necessary more studies and researches with a larger number of athletes to be found differentiated results.

Uniterms: Minimum Lactate, Heart Rate, Stroke Frequency and the Swimming.

AGRADECIMENTOS

Na elaboração deste trabalho, a colaboração de muitas pessoas foi muito importante, dentre as quais: ao orientador Dr. Álvaro R. de Oliveira, pela paciência em ensinar; ao co-orientador, mestrando Flavio de Souza Castro, pelas idéias, correções e pela força que proporcionou; a doutoranda Claudia T. Candotti, pelas dicas e pela alegria; a Michel Vilche, pela ajuda nas coletas e pela parceria; a Fernando Diefenthaeler, pelo coleguismo, aos técnicos Daniel Geremia do Grêmio Náutico União e Wilson R. Ribas de Matos do Clube Caixeiros Viajantes, por deixarem de lado um treinamento para liberar os seus atletas e a estes que tiveram paciência de serem testados; aos meus colegas de trabalho, Sabrina Deffente e Jair Oliveira da Rosa, pela ajuda e compreensão. Um agradecimento especial a minha esposa Carmen Lima dos Santos e a meu filho Vinicius dos Santos Ferreira, pelos dias e horas em que não pudemos estar juntos.

INTRODUÇÃO

O consumo máximo de oxigênio (VO2max) foi, por muito tempo, considerado o melhor índice para avaliar atividades de longa duração. Porém, diversos autores sugeriram que parâmetros obtidos durante intensidades submáximas de exercício são melhores preditores da performance. Alguns destes parâmetros podem ser medidos através da freqüência cardíaca (FC), que durante as séries estabelecidas ajudam a melhorar a tolerância ao lactato, o limiar anaeróbio e o VO2max, além disso, outro parâmetro a ser utilizado é o do comportamento do lactato sangüíneo durante exercícios com incremento progressivo de carga, o qual parece ser altamente relacionado com a performance em vários tipos de exercícios de endurance (MAGLISCHO, 1999; BALIKIAN JR. et al., 1999; DENADAI & BALIKIAN JR., 1995; LUCAS et al., 2000).

De acordo com TOUSSAINT & HOLLANDER (1994), é necessário identificar e quantificar os fatores fisiológicos (energéticos) e biomecânicos que poderiam influenciar a performance da natação. Os mesmos autores reconhecem que uma considerável parte da energia produzida pelo nadador é utilizada a fim de superar a resistência da água.

Segundo CAPUTO (2000), com a evolução do esporte de alto rendimento, houve um aumento no interesse do aprimoramento da técnica dos nados e nos índices técnicos que possam ser utilizados para verificar os efeitos do treinamento, bem como, para determinar a melhora da performance.

O objetivo deste estudo foi comparar o limiar de lactato, a freqüência cardíaca e a freqüência de braçada no nado crawl entre nadadores velocistas e fundistas e triatletas, cruzando os dados e identificando como eles afetam o rendimento dos atletas.

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Lactato sangüíneo e o limiar anaeróbio

Segundo WILMORE & COSTILL (2001); MCARDLE, KATCH & KATCH (1992) e KOKUBUN (1996), a atividade muscular intensa freqüentemente resulta na produção e acúmulo de lactato sanguíneo e hidrogênio (H+). Esses componentes podem comprometer o metabolismo energético e reduzir a força contrátil do músculo. O nível de exercício, ou o nível de consumo de oxigênio para o qual o lactato sangüíneo começa a evidenciar um aumento sistemático acima de um nível de repouso, ou de uma linha básica ligeiramente mais alta, recebe a designação de limiar do lactato. Isso ocorre normalmente entre 55 e 65% da captação máxima de oxigênio (VO2max) em indivíduos sadios, porém destreinados, ficando acima de 80% nos atletas de endurance altamente treinados. Essa alteração súbita foi denominada limiar de lactato e pode ser utilizada para controlar a intensidade do exercício.

Segundo RIBEIRO et al. (1986), o limiar anaeróbio tem sido proposto como índice de capacidade para exercícios prolongados e, também, como referência para prescrição de treinamento. No aumento do lactato sangüíneo durante o exercício, o limiar aeróbio corresponde ao ponto onde o lactato sangüíneo aumenta acima dos valores de repouso, sendo que isso acontece, normalmente, acompanhado por um desproporcional aumento na ventilação (VE) em relação ao consumo máximo de oxigênio (VO2max). Sendo que, de acordo com RIBEIRO et al. (1986), o primeiro limiar ventilatório ocorrerá nesse mesmo ponto. Já o limiar anaeróbio é definido como o segundo ponto de quebra na espontânea resposta do lactato sangüíneo ao aumento da intensidade do exercício, sendo que a VE aumenta de forma desproporcional a produção de gás carbônico (VCO2).

MCARDLE, KATCH & KATCH (1992) e AIRES (1999) comentam que durante o exercício em ritmo estável, uma quantidade suficiente de oxigênio é fornecida para ser utilizada pelos músculos ativos, assim, a produção não ultrapassa a captação de ácido lático dentro dos músculos. Quase todo o excesso de ácido lático muscular gerado durante o metabolismo anaeróbio é tamponado no sangue pelo bicarbonato de sódio, na seguinte reação:

 

Ácido Lático +

NaHCO3 ®

Lactato de Na +

H2COH2O+CO2

 

Segundo AIRES (1999) sempre que a concentração de H+ começa a aumentar, seja pelo acúmulo de dióxido de carbono, ou de lactato sanguíneo, o íon bicarbonato pode tamponar o H+ para prevenir a acidose. Entende-se que a produção de ácido láctico no músculo esquelético, medido na forma de concentração de lactato na corrente sangüínea, é causado pela insuficiência de oxigênio durante a contração muscular.

WILMORE & COSTILL (2001) relatam que em condições de repouso, os líquidos corporais se apresentam mais básicos (como o bicarbonato, o fosfato e proteínas) do que ácidos, resultando num pH tecidual que varia de 7,1 no músculo a 7,4 no sangue arterial. Uma concentração elevada acima do normal (pH baixo) é denominada acidose, enquanto uma diminuição do H+ abaixo da concentração normal (pH elevado) é chamado alcalose. O restabelecimento das concentrações normais de repouso do lactato sangüíneo e muscular após um período de exercício exaustivo é um processo relativamente lento, freqüentemente exigindo de uma a duas horas e, de preferência, exercício contínuo de baixa intensidade.

MAGLISCHO (1999) considera que a expressão limiar anaeróbio não retrata fielmente os eventos metabólicos ocorrentes, vários pesquisadores propuseram a substituição por nomes mais descritivos, tais como: início do acúmulo do lactato sanguíneo (IALS), ponto de virada do lactato, limiar do lactato e estado de equilíbrio máximo do lactato (Maxlass), sendo os dois últimos os que mais se aproximam do conceito original proposto por MADER et al. (1976). Apesar disso, a expressão limiar anaeróbio teve aceitação popular entre atletas e treinadores. Porém, quaisquer umas das expressões representam o mesmo fenômeno fisiológico, ou seja, identificam a mais alta velocidade de treinamento em que o metabolismo aeróbio se encontra maximamente sobrecarregado, o que fica indicado pelo alcance de um equilíbrio entre a velocidade de ingresso do ácido lático no sangue e a velocidade de remoção do ácido lático sanguíneo.

Segundo RIBEIRO (1995), no início dos anos 60, protocolos de avaliação foram criados para identificar o que se achava ser o limiar de transição entre intensidades de esforço com predomínio de liberação de energia pelo metabolismo aeróbio para intensidades onde a participação do metabolismo anaeróbio era mais importante. Citando três abordagens que tem sido utilizada para determinar os limiares a partir de curvas de lactato sanguíneo: 1) adoção de concentrações fixas de lactato e interpolação dos resultados; 2) uso de modelos matemáticos para avaliar as curvas de lactato e 3) estimativa visual de quebras nas curvas de lactato.

Para OLBRECHT et al. (1985) o limiar anaeróbio é geralmente definido como a intensidade de exercício a uma concentração de ácido lático de 4mmol/l, já que este valor poderia ser utilizado para estabelecer a intensidade ideal de treinamento. Vários estudos, entretanto, mostraram que o limiar anaeróbio individual pode ser encontrado acima ou abaixo de 4mmol/l (MADER, 1976, MCLELLAN & CHEUNG, 1992 e RIBEIRO, 1995)

Segundo MCLELLAN & CHEUNG (1992), o limiar anaeróbio representa a concentração de lactato sangüíneo de 4mmol/l, que é o valor aproximado onde ocorre um equilíbrio entre o lactato produzido e o lactato eliminado durante o exercício contínuo. Segundo os autores, o lactato sangüíneo em torno de 4mmol/l representa o máximo steady-state durante o exercício prolongado, podendo apresentar variações entre 3 à 5,5mmol.l.

COSTILL, THOMASON & ROBERTS (1973) e KOKUBUN (1996), relatam que o limiar anaeróbio é um preditor da performance de longa duração, um indicador da aptidão e uma ferramenta útil para a prescrição de exercícios.

MAGLISCHO et al., (1984), entendem que a maior eficiência para o treinamento aeróbio parece ocorrer com intensidade de treinamento correspondente ao limiar anaeróbio, conforme demonstrado na natação. Verificou-se também que o limiar anaeróbio apresenta uma especificidade ao tipo de exercício, maior do que para o VO2max, sugerindo que o primeiro é um indicador das adaptações musculares periféricas.

Particularmente na natação, o limiar anaeróbio tem sido empregado extensivamente para melhorar a performance de atletas (PIERCE et al., 1990).

KESKINEN, KOMI & RUSKO, (1989), apresentaram um estudo comparativo entre três tipos de testes de lactato utilizados na natação, tendo verificado que as mais elevadas concentrações de lactato sanguíneo eram obtidas em tiros máximos de 100 m e que os tiros mais longos eram mais apropriados para a avaliação da capacidade aeróbia.

Para OYONO-ENGUELLES et al. (1990) e KOKUBUN (1996), o limiar anaeróbio, freqüentemente, é demarcado pela maior intensidade de exercício que pode ser realizada sem aumento da concentração sangüínea de lactato, ou seja, o equilíbrio dinâmico máximo do lactato sangüíneo. Usualmente, o limiar anaeróbio é determinado submetendo-se o sujeito a um esforço de cargas progressivas, durante o qual a concentração de lactato sangüíneo é medida.

DENADAI et al. (1996) citando vários autores, relataram que a velocidade de remoção do lactato sanguíneo é dependente de muitos fatores, entre os quais: intensidade do exercício empregado antes e durante a recuperação; tipo de exercício realizado durante a recuperação; tipo de fibra muscular e método utilizado para a determinação do meio tempo (t ½) de remoção do lactato sanguíneo.

TEGTBUR, BUSSE & BRAUMANN (1993) propuseram uma metodologia para identificar a velocidade equivalente à máxima fase estável de lactato sangüíneo. Nesta metodologia os sujeitos realizam primeiramente dois esforços anaeróbios consecutivos na máxima intensidade, determinando uma grande elevação do lactato. Após oito minutos de descanso passivo, inicia-se um teste com intensidades progressivas. Com a realização das primeiras cargas, existe uma diminuição do lactato, até que se atinge um valor mínimo (lactato mínimo), a partir da qual começa a existir um novo aumento do lactato. Segundo os autores, o lactato mínimo corresponde à máxima intensidade de exercício, onde existe equilíbrio entre a produção e remoção de lactato. No estudo, os autores relatam ainda que essa intensidade (lactato mínimo) correspondeu à velocidade equivalente a máxima fase estável de lactato sangüíneo para a maioria dos sujeitos. Além da vantagem de permitir uma avaliação anaeróbia e aeróbia em um só teste.

2.2 Freqüência Cardíaca

Segundo WEINECK (1991) a quantidade de sangue por minuto é conhecida como volume minuto cardíaco (VMC), que é o produto da freqüência cardíaca (FC) pelo volume sistólico (quantidade de sangue que é expulsa do ventrículo para as vias sanguíneas durante a contração). Uma pessoa não treinada aumenta o seu VMC principalmente através do aumento da freqüência cardíaca; o treinado através do aumento do volume sistólico. Do ponto de vista energético, o aumento do volume sistólico é mais favorável que o aumento da freqüência, pois há um menor gasto do oxigênio utilizado. Com o treinamento, ocorre uma hipertrofia cardíaca e dilatação das cavidades cardíacas. O significado fisiológico aparece no maior refluxo de sangue venoso para o coração durante a atividade muscular intensa e o aumento da regulação do coração por vias nervosas. Em termos de energia, existe uma importante economia do coração, pois com o aumento do volume do coração, do volume minuto cardíaco, da pulsação e da absorção máxima de oxigênio, há uma diminuição da freqüência cardíaca.

BÜHLMANN & FROESCH (1974), GOTTSCHALK et al. (1982), WEINECK (1991) afirmam que todas essas alterações, já citadas, contribuem para uma melhora no abastecimento sanguíneo da musculatura cardíaca em repouso e em sobrecarga e aumentam a capacidade de desempenho do coração. Um aumento do coração, condicionado ao treinamento de resistência, não tem influência apenas sobre o volume sistólico e o volume minuto, mas também sobre uma medida facilmente mensurável na prática esportiva, a freqüência cardíaca.

KARVONEN & VOURIMAA (1988) e DENADAI (1994), afirmam que a porcentagem da freqüência cardíaca máxima (%FCmax) tem sido extensivamente utilizada como meio de prescrição da intensidade de exercício. Isto ocorre pela grande facilidade que existe em sua mensuração e também por sua estreita relação com o Consumo de Oxigênio (VO2) e, conseqüentemente, com a intensidade do exercício.

Segundo DENADAI (1994), na maioria das vezes, o treinamento é realizado em condições que não permitem controlar com exatidão a velocidade que foi obtida nos testes, utiliza-se então a FC correspondente a essa velocidade (FC Alvo ou FC Limiar). Assim, tem-se um meio mais fácil de controlar a intensidade de esforço, já que o controle da FC, em curtos períodos, é bem mais simples. Por este critério, que é amplamente utilizado, não existe necessidade de se controlar a velocidade, presumindo-se que a relação Velocidade X FC não muda durante a sessão de treinamento.

O mesmo autor analisando seis sujeitos realizou três testes em uma bicicleta eletromagnética, com incrementos de carga de 25W a cada 3min, o primeiro teste para a obtenção do Limiar Anaeróbio (LA), o segundo com carga imediatamente abaixo do LA e o terceiro com carga imediatamente acima do LA. Em sua conclusão, o autor diz que a FC, tanto nos exercícios realizados abaixo como acima do LA, não é um índice adequado para controlar-se a intensidade do exercício contínuo, pois com o passar do tempo (> 10min) existe uma dissociação entre a FC e a sobrecarga que está sendo aplicada, determinando com isso uma menor adaptação do organismo em resposta ao treinamento. Concluiu, ainda, que a prescrição da intensidade do exercício contínuo, seja feita a partir das metodologias existentes (%FCmax, %VO2máx ou LA), e que o controle da sessão de treinamento seja, sempre que possível, baseado na sobrecarga encontrada (Km/h, m/min ou Watts).

2.3 Freqüência de braçada no nado crawl

Segundo MAGLISCHO (1999), freqüência das braçadas é um valor expresso segundo o número de ciclos efetuados pelo nadador a cada minuto (ciclo de braços/min). Para HAY (1981), a freqüência de braçadas dependerá do tempo que o nadador gasta na fase propulsiva e na recuperação de cada braço.

MAGLISCHO (1999), também relata que há uma relação negativa entre comprimento e freqüência de braçada; um aumento no comprimento da braçada deve, teoricamente, gerar uma diminuição na freqüência; um aumento na freqüência deve gerar, de maneira teórica, uma diminuição no comprimento de braçada. Melhoras, tanto no comprimento médio de braçada, quanto na freqüência média de braçada poderiam resultar em melhoras significativas na performance desportiva.

CARR (1997) estabelece a relação entre comprimento e freqüência de braçada e a velocidade com que o nadador se locomove na água, sendo esta determinada pelo produto entre o comprimento e a freqüência de braçada.

CRAIG & PENDERGAST (1979), analisando quarenta e um nadadores de diferentes níveis, em máxima velocidade, por distâncias curtas, encontraram valores médios de comprimento de braçada e freqüência de braçada, respectivamente, de 1,69m/braçada e 63 braçadas/min. Os mesmos autores concluem que os nadadores devem selecionar uma combinação ótima entre comprimento de braçada e freqüência de braçada, levando em consideração que a relação entre freqüência de braçada e comprimento de braçada é fundamental para o aumento ou a diminuição da velocidade do nado.

Em outra pesquisa realizada por OLBRECHT et al. (1985), cinqüenta e nove nadadores de alto nível foram avaliados em um teste onde os atletas deveriam nadar a maior distância possível em 30 e 60min, a média de velocidade encontrada no teste de 30min foi de 1,361± 0,057m/s e 1,341± 0,095m/s no teste de 60min.

CRAIG et al., (1985), indicaram que melhorias na execução técnica das braçadas são refletidas na freqüência de braçada e no comprimento de braçada durante uma competição.

KESKINEN & KOMI (1993), em um estudo cujos objetivos eram examinar as diferenças nas relações entre características de braçadas nos diferentes exercícios de natação, e determinar se essas relações mudariam de acordo com as intensidades propostas, mensuraram velocidade, freqüência de braçadas e comprimento de braçadas em dez nadadores voluntários (idade média de 19,9± 2,4 anos e experiência em natação competitiva de 10,1± 1,8 anos) considerados bem treinados, durante uma série de cinco a seis tiros de 400m, em nado crawl, com intensidade pré-determinada. À medida que a velocidade média aumentou, de um nível considerado aeróbio, para um nível considerado de limiar anaeróbio, aumentou, também, a freqüência de braçada e diminuiu o comprimento de braçada, situação explicada por desenvolvimento de fadiga muscular localizada. A redução no comprimento de braçada estaria relacionada à acumulação de ácido lático, como subproduto do metabolismo anaeróbio, característica das intensidades mais altas; a manutenção ou aumento da freqüência de braçada estaria relacionada com a habilidade de manutenção de adequada ativação neural. Usualmente, nadadores mais habilidosos, ao aumentar a velocidade de nado, diminuem freqüência de braçada e aumentam o comprimento de braçada.

Para CAPUTO (2000) um aumento na eficiência propulsiva ou um decréscimo no arrasto, após um treinamento, pode estar relacionado com uma diminuição na freqüência de braçada e um aumento no comprimento da braçada, para uma mesma velocidade de nado. WAKAYOSHI et al. (1993), CAPUTO (2000), demonstraram que, após seis meses de treinamento aeróbio, o aumento na velocidade máxima de 400m estava associado a um aumento na freqüência de braçada e no comprimento de braçada.

CAPUTO (2000), ainda relata que em indivíduos que não são especialistas, é provável que, com o aumento da distância (pelo menos até 400m), exista uma adequação para que se possa economizar energia, evitando uma excessiva fadiga muscular, realizando menos braçadas e aumentando a aplicação de força.

Em seus estudos, WAKAYOSHI et al., (1995), comprovaram o aumento da energia gasta com o aumento da freqüência de braçada.

TOUSSAINT (1990), em um estudo de comparação de eficiência propulsiva entre nadadores e triatletas, realizado com 6 nadadores e 5 triatletas, não encontrou diferença significativa na freqüência de braçada, mas encontrou diferença significativa no comprimento e na velocidade em natação, o que poderia ser explicado pela maior eficiência em gerar propulsão pelos nadadores. Esse autor conclui que os triatletas deveriam focalizar seu treinamento de natação mais na técnica de nado e menos na habilidade de realizar trabalho.

2.4 Análise Crítica da Literatura

Alguns autores afirmam que o limiar anaeróbio é definido como a intensidade do exercício a uma concentração de lactato sangüíneo de 4mmol/l (OLBRECHT et al., 1990), mas MADER (1976), MCLELLAN & CHEUNG (1992) e RIBEIRO (1995) dizem que o lactato pode estar um pouco acima ou um pouco abaixo desse valor, porém todos concordam que o limiar anaeróbio é um preditor da performance de longa duração e um indicador da aptidão, sendo utilizada como ferramenta para a prescrição de exercícios (COSTILL, THOMASON & ROBERTS, 1973 e KOKUBUN, 1996). Entretanto, um pequeno aumento na intensidade de exercício acima do limiar anaeróbio resulta em rápido aumento de lactato sangüíneo (KOKUBUN, 1996). A produção de ácido láctico no músculo esquelético, medido na forma de concentração de lactato na corrente sangüínea é considerado um importante indutor de fadiga muscular, possivelmente por contribuir com a produção de cerca de 85% do H+ muscular durante o exercício (WILMORE & COSTILL, 2001, McARDLE, KATCH & KATCH, 1992 e AIRES, 1999). Para diminuir a ocorrência destes eventos, protocolos foram criados para estabelecer a transição do limiar aeróbio para o limiar anaeróbio (RIBEIRO, 1995), alguns deles como a adoção de concentração fixa de lactato, uso de modelos matemáticos para avaliar as curvas de lactato, estimativa visual destas curvas e a velocidade equivalente a máxima fase estável do lactato sangüíneo ou lactato mínimo (DENADAI, 1995 e TEGTBUR, BUSSE & BRAUMANN, 1993).

Como muitas vezes não há meios de se utilizar os protocolos citados, pois a coleta de lactato sangüíneo exige tempo, profissionais qualificados para o manuseio e produtos específicos para a sua mensuração, os autores recomendam que se utilize a freqüência cardíaca como meio de prescrição de exercício e como controle da intensidade do esforço (DENADAI, 1994 e KARVONEN & VOURIMAA, 1988), porque é um meio mais fácil de ser analisado, em curtos períodos de tempo, em qualquer ambiente e por qualquer profissional qualificado.

Na natação, além dos protocolos de mensuração do lactato sangüíneo e de controle da freqüência cardíaca, utiliza-se a freqüência de braçada (FB) para controlar a técnica do nado e a economia de energia durante treinamentos ou provas (CAPUTO, 2000 e WAKAYOSHI et al, 1993). Os autores dizem que a FB é um valor expresso segundo o número de ciclos efetuados pelo nadador a cada minuto e dependerá do tempo que o nadador gasta na fase propulsiva e de recuperação de cada braço (MAGLISCHO, 1999 e HAY, 1981) e fazem uma relação negativa entre a FB e o comprimento, pois quando a FB aumenta o comprimento diminui e vice-versa (MAGLISCHO, 1999), sendo que CRAIG et al. (1985) indica que melhorias na execução técnica das braçadas são refletidas na FB e no comprimento de braçada durante uma competição. Estudos foram feitos com a intenção de mensurar a relação entre FB e comprimento de braçada, levando em consideração que a relação entre estas duas variáveis é fundamental para o aumento ou a diminuição da velocidade do nado (CRAIG & PENDERGAST, 1979 e KESKINEN & KOMI, 1993), complementam o estudo de CARR (1997), na qual estabelece a relação entre FB e comprimento de braçada e a velocidade com que o nadador se locomove na água. Mas na comparação entre nadadores e triatletas TOUSSAINT (1990) estabeleceu, em seus estudos, que a eficiência propulsiva entre estes grupos são diferentes, pois não encontrou diferenças significativas na FB, mas encontrou diferenças significativas no comprimento e na velocidade do nado, explicando que este fato tem a ver com a propulsão eficiente gerada pelos nadadores e concluiu que os triatletas devem ater o seu treinamento mais na técnica de nado e menos na habilidade de gerar força propulsiva.

3. OBJETIVOS

3.1. Objetivo Geral

Comparar a resposta da velocidade do lactato mínimo, da freqüência cardíaca e da freqüência de braçada em nadadores velocistas e fundistas e triatletas.

3.2. Objetivos Específicos

  1. Quantificar Freqüência Cardíaca (FC) em nadadores e triatletas;

  2. Quantificar Velocidade do Lactato Mínimo (VLM) em nadadores e triatletas;

  3. Quantificar Freqüência de Braçada (FB) em nadadores e triatletas;

  4. Comparar os resultados de VLM, FC e FB no nado crawl, entre os grupos.

4. PROBLEMA

Há diferenças em Velocidade do Lactato Mínimo (VLM), Freqüência Cardíaca (FC) e Freqüência de Braçada (FB) entre triatletas e nadadores velocistas e fundistas?

4.1 Hipóteses

H1.– Triatletas apresentam menor VLM que velocistas e fundistas;

H2 – Triatletas apresentam menor FC que velocistas e fundistas;

H3 – Triatletas apresentam maior FB que velocistas e fundistas;

H4 – Fundistas apresentam menor FC que velocistas e triatletas;

H5 – Fundistas apresentam maior FB que velocistas e triatletas.

4.2 Definição das Variáveis

Variável dependente

Freqüência de braçada: é um valor expresso segundo o número de ciclos efetuados pelo nadador a cada segundo (br/s).

Freqüência Cardíaca: é o valor da freqüência dos batimentos cardíacos por minuto.

Lactato: é o resultado de um processo na qual o ácido lático acumulado nos músculos é liberado para a corrente sanguínea.

Variável independente

Volume e intensidade de treinamento individual: distância total do treino durante uma semana, sendo aconselhável que na semana da avaliação os atletas diminuam o volume de treinamento e não participem de competição.

Tempo: tempo efetuado por cada atleta em cada tiro.

5. METODOLOGIA

5.1 Caracterização da Pesquisa

Este trabalho caracteriza-se como sendo do tipo ex-post-fato, no modelo descritivo comparativo, de corte transversal, visando à mensuração e comparação de parâmetros fisiológicos e biomecânicos entre triatletas e nadadores.

5.2 População e Amostra

A população deste estudo é composta de nadadores velocistas, nadadores fundistas e triatletas de elite do estado do Rio Grande do Sul. A amostra foi formada por nove indivíduos do sexo masculino, voluntários, com idade média de 21,22 ± 4,68 anos. Os atletas foram divididos em três grupos, de acordo com a modalidade de treinamento desportivo que executam, ou seja: nadadores velocistas (n=3), nadadores fundistas (n=3) e triatletas (n=3)

Todos os sujeitos foram devidamente informados a respeito dos procedimentos que foram utilizados e assinaram um termo de participação voluntária.

5.3 Procedimentos de Aquisição

Os atletas foram submetidos a um protocolo para a determinação do lactato mínimo (LM). Este protocolo foi realizado em uma piscina semi-olímpica (25m), onde foram mensurados, no nado crawl, a freqüência cardíaca, o lactato sangüíneo e a freqüência de braçada. Cada indivíduo, após 10min de aquecimento nadando em baixa intensidade, realizou dois tiros de 50m na máxima intensidade. Antes e depois das duas séries foi verificada a freqüência cardíaca (FC) e o lactato sanguíneo de cada indivíduo, na posição de pé, dentro da água, com utilização de um frequencímetro (Pulse Tronic HRM-530) e de um lactímetro (Accusport), sendo coletado sangue do dedo indicador de cada participante.

Após um repouso passivo de oito minutos, os atletas realizaram tiros de 100m progressivos, iniciando numa intensidade baixa e aumentando a cada tiro seguinte. No final de cada tiro foram verificados a FC e o lactato. O intervalo entre estes tiros foi de um minuto.

Nos tiros de 100m era verificada a freqüência de braçada (FB) por segundo de cada atleta através da contagem do tempo efetuado em três ciclos de braço completos, sempre após a virada dos 75m. Cada tiro foi executado com saída de dentro da água e impulsão na parede.



Figura 1
– Coleta de sangue para verificação do lactato sangüíneo.

5.4 Procedimento de Análise

O valor da VLM foi considerado como o ponto onde o atleta, durante a execução dos tiros de 100m, apresentou o menor lactato sanguíneo, antes de haver uma nova elevação deste lactato (TEGTBUR et al. 1983).

Uma vez conhecido os resultados das variáveis VLM, FC e FB, os valores foram comparados entre os três grupos (velocistas, fundistas e triatletas) para ver a diferença entre eles e comparado entre as três variáveis para identificar as diferenças entre os três grupos.

O valor da FC, para o LM, foi considerado como aquela na qual o atleta se encontrava no momento em que atingiu o VLM. O valor da FB também foi considerado no momento em que foi atingido o VLM.

5.5 Tratamento Estatístico

A análise estatística foi realizada utilizando-se o software SPSS 8.0. A comparação entre os grupos foi realizada através de análise de variância de um caminho (ANOVA-one way), para identificar as diferenças entre os três grupos. Caso houvesse diferenças, utilizar-se-ia um teste Post-hoc de Tukey para identificar onde essas estariam. O nível de significância adotado neste estudo foi de 0,05.

6. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

Os resultados deste estudo demonstraram que não houve diferença significativa (p>0,05) para a VLM, para a FC e para a FB entre os grupos de velocistas (G1), fundistas (G2) e triatletas (G3), respectivamente.

Nas amostras, o resultado da VLM não apresentou diferença significativa (p>0,05) entre o G1 e o G2 e entre o G1 e o G3, o mesmo ocorrendo com o G2 e o G3, mesmo que o índice tenha sido menor, tal como nos mostra a Tabela 1:

Tabela 1 - Comparação entre os grupos com a Velocidade do Lactato Mínimo (VLM).

Comparação

VLM

G1 X G2

P= 0,949

G1 X G3

P= 0,141

G2 X G3

P= 0,095


Nas amostras entre os grupos em relação à FB, não foram encontradas diferenças significativas (p>0,05) entre os grupos, conforme a Tabela 2:

Tabela 2 – Comparação entre os grupos com a Freqüência de Braçada (FB).

Comparação

FB

G1 X G2

P= 0,470

G1 X G3

P= 0,994

G2 X G3

P= 0,531


Já na comparação das amostras de FC, também não houve diferença significativa entre os grupos (p>0,05), como mostra a Tabela 3 a seguir:

Tabela 3 – Comparação entre os grupos com a Freqüência Cardíaca (FC).

Comparação

FC

G1 X G2

P= 0,54

G1 X G3

P= 0,93

G2 X G3

P= 0,74



A seguir, figuras que representam as médias e os desvios padrões de cada grupo em relação à Velocidade do Lactato Mínimo (VLM), Freqüência Cardíaca do Lactato Mínimo (FCLM) e Freqüência de Braçada do Lactato Mínimo (FBLM).


Na figura 1, os resultados das médias da VLM foram próximos para o G1 e o G2 (1,49±0,14m/s e 1,51±0,07m/s respectivamente), tendo o G3 mostrado uma média e desvio padrão de 1,32±0,04m/s.

Figura 2 - Médias e Desvios Padrões da VLM.

Na figura 2 estão as médias e desvios padrões de cada grupo em relação a FCLM. Os triatletas apresentaram a média da FC mais baixa (159,67±6,43bpm) em relação aos velocistas (168,33±5,77bpm) e fundistas (165,67±13,61bpm).


Figura 3 – Médias e Desvios Padrões da FC ao Lactato Mínimo.



Na Figura 3 indica a Freqüência de Braçada por segundo de cada grupo, tendo os velocistas uma média e desvio padrão de 0,88±0,22br/s, enquanto os fundistas possuem 1,12±0,34br/s e os triatletas 0,90±0,037br/s.

Figura 4 – Médias e Desvios Padrões da Freqüência de Braçada por segundo.

7. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Os resultados da Velocidade do Lactato Mínimo (VLM), da Freqüência Cardíaca (FC) e da Freqüência de Braçada (FB) entre nadadores velocistas, nadadores fundistas e triatletas não apresentaram diferenças significativas (p>0,05) neste estudo (Tabelas 1,2 e 3).

O número de participantes do estudo, possivelmente foi um dos motivos para que os resultados não apresentassem diferenças significativas para o VLM, a FC e a FB, talvez com um número maior de atletas, poder-se-ia ter encontrado resultados diferenciados.

A média da VLM dos velocistas (1,49±0,14m/s) e dos fundistas (1,51±0,07m/s), são semelhantes, enquanto os triatletas mostram uma média de 1,31±0,03m/s (Figura 1), que equivale a uma velocidade mais baixa 12,58% em relação aos fundistas e 11,4% em relação aos velocistas. Isso pode ser explicado pelo fato de que o grupo dos nadadores executa treinos específicos de natação, portanto, mais acostumados a trabalhos de velocidade e de limiar anaeróbico, e o grupo dos triatletas, além da natação divide seu tempo treinando outras duas modalidades (ciclismo e corrida), apresentando menores velocidade de nado, de acordo com TOUSSAINT (1990).

Em um estudo utilizando-se cinqüenta e nove nadadores de elite em um teste de 30 minutos, OLBRECHT et al. (1985), encontraram médias de velocidade de 1.361±0,057m/s, números estes que se aproximam mais dos resultados encontrados pelos triatletas, do que os resultados encontrados nos nadadores velocistas e fundistas.

Nas médias de cada grupo em relação à freqüência cardíaca ao lactato mínimo (FCLM), os triatletas apresentaram a média 5,42% mais baixa em relação aos velocistas e 3,75% em relação aos fundistas (Figura 2). Observa-se, no entanto, que o desvio padrão dos fundistas foi muito elevado, em relação aos triatletas e aos velocistas, o que evidencia que, possivelmente, a preparação física dos atletas deste grupo não estava no mesmo nível.

A freqüência de braçada por segundo de cada grupo, apresenta os fundistas com uma média de 1,12±0,34br/s, que corresponde a 21,42% maior do que os velocistas (0,88±0,22br/s) e 19,64% maior em relação aos triatletas com média de 0,90±0,037br/s. Os desvios padrões dos grupos também apresentaram diferenças bastante grandes, verificando-se, com isso, que os indivíduos do grupo dos triatletas apresentaram níveis de preparação física muito próximas, diferentemente dos grupos de velocistas e fundistas (Figura 3).

Segundo CAPUTO (2000), em indivíduos que não são especialistas, é provável que, com o aumento da distância (pelo menos até 400m), exista uma adequação para que se possa economizar energia, evitando uma excessiva fadiga muscular, realizando menos braçadas e aumentando a aplicação de força, mas para CRAIG et al., (1985), as melhorias na execução técnica das braçadas são refletidas na freqüência de braçada e no comprimento de braçada durante uma competição.

Portanto, mesmo com algumas tendências percentuais encontradas, não confirmou-se nenhuma hipótese formulada para este estudo.

8. CONCLUSÕES

Os resultados deste estudo demonstraram que tanto os nadadores velocistas como os fundistas apresentaram velocidade do lactato mínimo e freqüência cardíaca ao lactato mínimo semelhantes e por isso podem estar treinando em limiares muito próximos, já os triatletas apresentaram índices menos elevados, o que pode se deduzir que é em função do treinamento em outras modalidades esportivas, provocando adaptações fisiológicas e biomecânicas diferentes.

Nos resultados da freqüência de braçada, ficou demonstrado que o grupo de triatletas estão em um nível de preparação muito próximas, diferente do grupo de velocistas e, principalmente, do grupo de fundistas, que apresentaram freqüência de braçada distinta entre os atletas.

A intensidade do treinamento entre os grupos pode ser regulada pelo lactato mínimo, pela freqüência cardíaca máxima e pela freqüência de braçada, tanto para nadadores velocistas e fundistas como para triatletas, pois estariam subsidiados por informações precisas das adaptações fisiológicas e biomecânicas na natação.

Concluiu-se que não houve diferença significativa entre os grupos e entre as amostras pelo baixo número de atletas pesquisados (n=3 em cada grupo) e pelo diferente nível de preparação física entre os grupos, sendo necessários mais estudos e pesquisas com um número maior de atletas para supostamente encontrar outros resultados.

9. DIREÇÕES FUTURAS

Devemos abranger um estudo maior, com um número de amostragem bem mais expressivo, para que os resultados possam ser comparados e padronizados no âmbito da fisiologia e da biomecânica. A partir daí, os nadadores velocistas, nadadores fundistas e triatletas poderão ser classificados em categorias dentro da sua modalidade específica, de acordo com o desempenho realizado nos testes em piscina no nado crawl.

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Material cedido por:

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