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Dopins Genético - (19.08.2001)

Um ser humano perfeito, imbatível, capaz de quebrar recordes e acumular vitórias. Para alcançar esse objetivo, muitos atletas usam métodos ou substâncias proibidas, o que levou o doping a se tornar assunto obrigatório no mundo do esporte. Como os vírus de computador, as formas de doping também se proliferam. Mal se consegue detectar um e surge outro. “A próxima geração será o doping genético”, alerta Eduardo De Rose, brasileiro integrante da Comissão Médica do Comitê Olímpico Internacional (COI). Ele participará de uma reunião em Nova York no mês que vem que procurará formas de controlar a utilização do doping genético. De Rose explica que o método artificial é o que deve surgir a curto prazo. Um atleta que quiser aumentar a produção de um determinado hormônio, por exemplo, em vez de fazê-lo de maneira exógena (com remédios), pode induzir seu corpo a acelerar a produção interna. “Teremos de procurar formas de evidenciar essa manipulação de genes”, diz o médico.

A genética também pode modificar as estruturas muscular ou cardio-respiratória do indivíduo. Pode-se estimular a produção de fibras rápidas (típicas dos velocistas) ou lentas (de maratonistas) ou transformá-las. “Neste caso, temos de procurar pistas da manipulação. Algo como um vírus, por exemplo”, diz De Rose.

Rogério Teixeira, especialista em medicina esportiva explica que o processo é semelhante ao do treinamento. “O processo é demorado. O corpo precisa de tempo para receber e entender a informação genética”, diz. “Até porque, a intenção do doping é se assemelhar o máximo possível do normal da pessoa”, completa.

Cópias — Por último há a criação de clones. “As primeiras tentativas resultarão em erros, mas será possível criar um ser humano bem feito e os atletas também serão alvo de clonagem”, afirma De Rose.

Afinal, quem não gostaria de criar um clone do Pelé ou do Guga? Mas a tarefa não é tão simples. “A pessoa pode ter as mesmas características físicas do número 1 do mundo, mas não gostar de tênis”, pondera. A base genética é desenvolvida com treinamento e o ambiente influi na formação. “Por isso um atleta é descoberto e não feito. A base genética ajuda muito, mas não é tudo”.

Teste de sangue ganha força

Os testes para detectar o uso de substâncias proibidas têm de avançar de acordo com a evolução do doping. A luta acompanha cada competição. “Quanto mais você tenta coibir, mais tentam inventar algo novo”, define o especialista em medicina esportiva Rogério Teixeira da Silva.

Nesse quadro, o tradicional exame de urina está-se tornando obsoleto. Por se basear em um material metabolizado, muitas substâncias não são identificadas. Assim, o exame de sangue ganha força. “Uma análise sangüínea pode indicar o uso de doping de até dois anos atrás”, diz Teixeira.

Sueli dos Santos ficou quatro anos suspensa por uso de doping Além disso, algumas substâncias, como o hormônio do crescimento e a eritropoietina (EPO), só são visíveis no sangue. Mas o método ainda não foi totalmente aceito. Para muitos é considerado invasivo e rejeitado também por motivos religiosos. Os organizadores do meeting de atletismo de Zurique, na última sexta-feira, não realizaram testes de sangue por considerá-los muito “complicados”.

O lado bom — Se os métodos já conhecidos de doping causam sérios danos à saúde, como câncer e problemas ao coração, rins e fígado, as conseqüências negativas do doping genético são desconhecidas.

Mas, a genética pode ajudar o atleta na recuperação de lesões. Uma atrofia muscular, por exemplo, pode ser revertida com mais rapidez ao se manipular os genes do organismo debilitado.

“Isso só deve ser usado para fazer o corpo voltar ao seu estado normal. Nunca para alterá-lo em busca de um desempenho melhor”, alerta o médico Rogério Teixeira.

A ressalva refere-se a um problema já existente. Atletas acusados do uso doping alegam ter ingerido as substâncias para tratar lesões, de forma não intencional. A medicina, que se antecipa ao surgimento do doping genético, terá mais esse dilema a resolver.

Número de casos só aumenta

"Quem não gostaria de ter um clone de Pelé?", provoca o médico Eduardo de Rose O Mundial de Atletismo de Edmonton, encerrado no último dia 12, revelou uma série de casos de doping. O mais polêmico foi o da russa Olga Yegorova, que depois de ter uma análise positiva em teste feito no meeting de Paris, foi autorizada a correr os 5.000m no evento canadense. Segundo a Iaaf (Associação das Federações Internacionais de Atletismo) o resultado foi anulado pois o exame era “não-válido”.

Uma brasileira foi incluída na lista. Fabiane dos Santos foi suspensa antes de disputar os 800m por ingerir o hormônio testosterona. Por ser reincidente — já havia sido acusada de usar esteróides anabolizantes em 95 — pode ser banida do esporte.

Fabiane não é o caso mais conhecido do Brasil. Em 95, Sueli Pereira dos Santos, do lançamento de dardo, foi suspensa por quatro anos por uso de doping. Na época, ela afirmou que o esteróide anabólico estaria em medicamentos utilizados para o tratamento de problemas nos joelhos.

Divisor de águas — Quem trouxe à tona a discussão sobre os efeitos do doping no desempenho dos atletas, no entanto, foi o canadense Ben Johnson. O homem mais rápido do mundo no fim da década de 80 teve de devolver a medalha de ouro conquistada nos 100m na Olimpíada de Seul/88 depois que se descobriu que ele usava anabolizantes. Johnson confessou sua culpa.

A norte-americana Florence Griffith-Joyner nunca confessou o uso de doping. Mas abandonou as pistas aos 29 anos, depois de conquistar três medalhas de ouro em Seul. Aos 38, morreu por causa de problemas cardíacos. As suspeitas de uso de esteróides nunca foram provadas.

 

Fonte:
A Gazeta Esportiva

 

 

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