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DOPING - ESPORTE - ATLETA

A Confederação de Desportos Aquáticos, através de seu Presidente, Dr. Coaracy Nunes, considera de suma importancia o controle do doping na natação Brasileira. A Equipe Médica, preocupada com a saúde dos atletas, principalmente aqueles que estão iniciando na natação competitiva e que compreendem mais de 80% de todos os nadadores em atividade, deseja elaborar um programa de esclarecimento e orientação sobre este tema. Gostaríamos de sugestões até porquê o objetivo é o atleta e o técnico.
É necessário que se esclareça que a CBDA está cumprindo seu papel com a realização do exame antidoping, cujo o único objetivo é resguardar o atleta. Cabe a Equipe médica - técnica o papel de atuar efetivamente no esclarecimento e orientação quanto aos efeitos danosos da utilização destas drogas. Este é o motivo pelo qual se faz necessária uma discussão ampla deste tema.
A maior discussão até o momento, no que diz respeito à utilização de drogas ilícitas pelo atleta, é apenas quanto aos seus efeitos na performance, esquecendo-se do risco real para sua saúde. Estes efeitos colaterais podem ser ocasionados pela sua toxicidade, grau de pureza e material utilizado (seringas e agulhas contaminadas, levando a doenças infecciosas tais como hepatite e AIDS).
A utilização de drogas ilícitas é considerada um sério risco para a saúde do atleta. Do ponto de vista médico, a luta contra o doping é menos importante do que a luta contra o vício do atleta às drogas no esporte. Por este motivo o incentivo a programas de educação preventiva se faz necessário.
O motivo da utilização de substâncias ilícitas pode ser dividido em duas categorias. A primeira envolve fatores fisiológicos (redução do cansaço compensado pela falta de treinamento). A segunda, realça os fatores psicosociológicos que estáo em jogo, tais como: dinheiro, influência da mídia, desejo de reconhecimento social. Os principais motivos para utilização do hormônio esteróide anabolizante são: o ganho da força, melhora da aparência física e aumento do peso, porém a influência de "amigos" ou companheiros de equipe não é um fator negligenciável como motivo do seu uso.
Não é surpresa o fato de que a prevalência do doping no esporte seja maior do que os resultados que as estatísticas oficiais mostram ( laboratórios credenciados pelo Comitê Olímpico Internacional). Os testes positivos representam entre 1 e 3% de todas as coletas realizadas nos últimos 10 anos. De fato, a maioria dos atletas submetidos aos testes são atletas de alto nível e estes atletas são os que mais se preocupam e até fazem questão de fazer o exame e, até participam de campanhas contra as drogas (programas educacionais). Entre outros fatores de dados que subestimam a prevalência de doping, demonstrados por pesquisas, através de questionários, é que enfatizam apenas um tipo de droga enquanto que o atleta pode usar outros seja de forma isolada ou combinada. Outro fator de erro de avaliação é o desconhecimento da definição de doping e/ou substâncias proibidas, algumas substâncias tais como cannabis, cocaína, narcóticos analgésicos ou anestésicos locais, embora considerados ilícitos ou controlados, não são considerados doping pelo atleta.
Vários estudos realizados através de questionários, revelam maior prevalência do uso de doping em adultos, em torno de 15% (maior de 21 anos), e, entre 3 e 5% em crianças e adolescentes, aumentando progressivamente com a idade. O início da utilização do hormônio esteróide anabólico acontece em média entre 12 e 14 anos de idade, variando entre 7 -17 anos para os meninos e 11-17 anos de idade para as meninas. A prevalência é maior no sexo masculino do que no feminino.
Os profissionais que trabalham com o atleta devem ter consciência da sua responsabilidade, não só, no que diz respeito à sua área de atuação como participante efetivo da luta contra o vício da droga. Os técnicos são os profissionais que têm um estreito relacionamento com o atleta, por esse motivo, são eles os mais habilitados a assumirem o papel central da campanha educativa. Infelizmente, com raras exceções, estes profissionais trabalham sozinhos, seja por falta de estrutura, seja por desconhecimento ou ainda por se recusarem a trabalhar em equipe, se eximindo da responsabilidade. O profissional da área médica, por sua vez, não consegue desenvolver um trabalho de forma eficaz, seja porquê não se encontra inserido dentro de um trabalho de equipe, seja pelo fato de estar voltado para condutas não éticas condizentes à sua profissão, seja ainda, por desconhecer as limitações médico - técnica, na qual exige um novo conceito de medicina desportiva, aprendizado este, que não se encontra dentro do consultório ou laboratório e sim no campo i.e. na borda da piscina, junto à equipe técnica.
A natação somente será cada vez mais valorizada e, por conseguinte, o técnico, o médico, e outros profissionais envolvidos, quando conseguir afastar o que for danoso da verdadeira natação, através do respeito-incentivo-ajuda-troca mútuo. Assim, o mau profissional não encontrará mais campo para atuar, o atleta será mais protegido, orientado e respeitado, pois é ele que tem contato com os estes profissionais. Se bem orientado, saberá distinguir o certo e o errado.
Do exposto, devemos finalmente reconhecer que existe uma alta prevalência de doping seja nos esportes aquáticos quanto nos outros esportes em nível mundial, consequentemente devem ser tomadas medidas efetivas no que diz respeito aos atletas, através de uma eficiente campanha de prevenção.
Quero dizer que a CBDA está trilhando este caminho, cumprindo seu papel, através do Programa Brasil de Natação e, se encontra pronta a orientar as Federações que dela necessitarem.

 

Colaborador da Web Swimming:

Dr. MARCUS F. BERNHOEFT
(Diretor do Depta. Médico da CBDA)

Email: bernhoef@antares.com.br

 

 

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